O custo da corrupção para a economia iraquiana pode chegar a US$ 4 bilhões (mais de R$ 8,5 bilhões) por ano, o equivalente a cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PUB) nacional, disse à BBC o funcionário americano responsável por monitorar a reconstrução do país.
Segundo o inspetor-geral especial para Reconstrução do Iraque, Stuart Bowen, parte do dinheiro desviado é usado para financiar as atividades de milícias que aumentam o nível de violência no país.
"Eu chamo isto de uma segunda insurgência. O dinheiro não apenas enriquece corruptos, mas freqüentemente financia milícias criminosas e insurgentes", declarou Bowen.
"Isto significa mais perdas entre as tropas americanas."
Recursos humanos
O financiamento da reconstrução do Iraque entrou na agenda depois que as tropas americanas depuseram o ex-presidente iraquiano Saddam Hussein, em abril de 2003.
Apesar da abundância de petróleo, décadas de conflitos destruíram a infra-estrutura iraquiana de estradas, estações de energia, escolas e hospitais.
Desde 2003, mais de US$ 36 bilhões (quase R$ 80 bilhões) só de recursos americanos autorizados pelo presidente americano, George W. Bush, foram direcionados para a recuperação desta infra-estrutura.
O aporte incluiu outros US$ 22 bilhões (cerca de R$ 48 bilhões) de recursos próprios iraquianos.
Entretanto, a baixa qualificação de um grande número de funcionários de governo iraquiano para gerenciar os fundos públicos significa que eles não serão gastos.
O inspetor Bowen estima que de US$ 8 a 10 bilhões (entre R$ 17,5 e 22 bilhões) deixarão de ser gastos na reconstrução porque "o governo não tem capacidade de gastar esse dinheiro".
Armas desaparecidas
Não é a primeira vez que o supervisor da reconstrução do Iraque assume uma postura crítica em relação ao processo.
Desde março de 2004, quando assumiu o posto, Bowen encaminhou 25 processos de corrupção ao Departamento americano de Justiça. Quatro resultaram em condenações.
Em uma de suas descobertas, o inspetor denunciou que 14 mil armas destinadas para o uso do governo iraquiano haviam sido desviadas, possivelmente para guerrilhas e insurgentes.
Uma cláusula na lei de gastos militares assinada há três semanas pelo presidente Bush determina que o trabalho do auditor termine em 1º de outubro do ano que vem, mas senadores Democratas e Republicanos já manifestaram intenção de estender esse o prazo.