A Alta Corte de Justiça de Londres decidiu nesta quinta-feira (16) que Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, terá direito a aguardar em liberdade o processo que pode levar à sua extradição para a Suécia, onde é acusado de crimes sexuais.
A corte poderia manter ou reverter a decisão de uma instância inferior, que autorizou a liberdade condicional para Assange sob o pagamento de fiança de 200 mil libras (317 mil dólares). Promotores representando a Suécia recorreram dessa decisão.
Assange chegou ao tribunal nesta quinta-feira com ar desafiador, fazendo um sinal de vitória ao descer do veículo policial. Seu advogado, Mark Stephens, se disse confiante na concessão da fiança, e afirmou que seus apoiadores já arrecadaram as 200 mil libras da fiança.
O WikiLeaks tem irritado os EUA nas últimas semanas, desde que começou a divulgar mais de 250 mil comunicações secretas da diplomacia norte-americana.
Assange é acusado por duas ex-voluntárias do WikiLeaks de coação sexual e de ter mantido relações com elas sem usar preservativos - o que na Suécia é considerado uma forma leve de estupro. Ele rejeita as acusações e se diz vítima de perseguição política.
Na terça-feira (14), um juiz decidiu que Assange poderia ser solto sob fiança, mas a promotoria britânica, representando o governo sueco, decidiu recorrer, e ele foi mantido sob custódia até a nova audiência.
Pela decisão da primeira instância, Assange deveria se instalar na mansão rural de um simpatizante, no leste da Inglaterra, e precisaria usar um localizador eletrônico e se apresentar diariamente à polícia.
A promotoria alegou que essas medidas não o impediriam de fugir, e por isso recorreu da liberdade condicional. A extradição propriamente dita deve ser decidida em fevereiro.
Assange e seus advogados não escondem o temor de que ele seja indiciado por autoridades norte-americanas por espionagem. Não ficou claro se a iniciativa de mantê-lo preso partiu das autoridades suecas ou britânicas. A promotoria sueca disse que o caso está nas mãos da promotoria britânica, que por sua vez afirmou defender os interesses do governo sueco no caso.