A Suprema Corte do Paquistão afirmou que dará início, na segunda-feira, às audiências para julgar as contestações à reeleição do presidente Pervez Musharraf, abrindo mão de um plano anterior segundo o qual o caso seria retomado no dia 12 de novembro.
O atual mandato de Musharraf chega ao fim três dias antes daquela data.
O Paquistão, uma potência nuclear, atravessa um período de grandes incertezas, e a demora da corte em manifestar-se tem funcionado como mais um motivo a alimentar os boatos sobre a possibilidade de Musharraf invocar poderes de emergência e cancelar as eleições nacionais marcadas para janeiro.
Esse pleito transformaria o país em uma democracia liderada por um civil.
"A corte não será responsabilizada pela polêmica em curso", disse na sexta-feira o juiz Javed Iqbal, um dos 11 encarregados de julgar as contestações ao fato de Musharraf ter vencido a eleição presidencial, no Parlamento, ainda como chefe das Forças Armadas.
Segundo Iqbal, esforços seriam feitos para concluir o caso o mais rápido possível.
Os boatos sobre os poderes de emergência e sobre a imposição da lei marcial também levaram a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, a dizer que qualquer medida do tipo seria contrária à vontade do governo norte-americano e que as eleições deveriam ser realizadas conforme o previsto.
"Acho ser bastante óbvio que os EUA não dão apoio a medidas de caráter excepcional", disse Rice a jornalistas antes de uma parada de reabastecimento na Irlanda em meio à sua viagem para a Turquia.
Recentemente, aumentou muito o nível de insegurança no Paquistão. Nesta semana, dois atentados a bomba mataram 15 pessoas. Um deles aconteceu a menos de 500 metros do QG militar de Musharraf, em Rawalpindi, e o outro ocorreu perto de uma base aérea.
Forças paramilitares do governo também enfrentam militantes pró-Taliban em Swat, um vale da Província da Fronteira do Noroeste, onde cerca de 180 pessoas morreram nas batalhas travadas ao longo da última semana.
A maior parte dos diplomatas e analistas duvida que a reeleição de Musharraf pelo Parlamento, no dia 6 de outubro, seja considerada ilegal pela Suprema Corte. É mais provável que os juízes obriguem-no a tomar alguma medida no futuro, tal como ver endossada sua Presidência pelo novo Parlamento.
Todos se perguntam, porém, como Musharraf reagiria caso a corte, vista como hostil desde que o dirigente tentou demitir o presidente dela, em março passado, desqualificasse a reeleição.
Musharraf já prometeu abandonar o comando das Forças Armadas se receber um segundo mandato. E permitiu que a duas vezes primeira-ministra Benazir Bhutto, uma destacada oposicionista, regressasse do exílio voluntário a fim de liderar o partido dela nas próximas eleições.