Presidente argentino, Alberto Fernández, na apresentação do projeto que prevê nova tributação no país, em 06 de junho de 2022.| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni
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As cotações do dólar nos diversos mercados de câmbio que coexistem na Argentina registraram novas máximas na terça-feira (19), em meio à forte demanda de investidores movidos pela incerteza gerada pela economia argentina.

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A moeda americana se valorizou em 10 pesos no mercado informal, chegando a uma nova máxima de 301 pesos por unidade.

Entretanto, no estatal Banco Nación - onde as transações são limitadas a US$ 200 por mês por pessoa, e estão sujeitas a um imposto adicional - o dólar subiu 50 centavos nesta terça-feira, para uma máxima de 135,75 pesos para venda ao público. A diferença entre a cotação oficial e o chamado "dólar blue" é de 121,7%.

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O preço do dólar na Argentina tem aumentado de forma constante desde o final de junho, quando foram acrescentadas restrições ao acesso à moeda estrangeira e depois o ministro da Economia, Martín Guzmán, renunciou em meio a tensões financeiras e políticas.

Dólares financeiros

Entretanto, o valor do dólar atacadista, regulado pelo Banco Central, subiu 23 centavos na terça-feira, para uma nova máxima de 129,14 pesos por unidade, enquanto o valor do dólar nos mecanismos financeiros para investidores mais sofisticados também foi negociado mais alto.

O chamado dólar "contado com liquidação" - que consiste em comprar ações ou títulos localmente com pesos argentinos e vendê-los em dólares em Wall Street - subiu 3,1%, para uma máxima de 313,33 pesos por unidade.

Por sua vez, o "dólar bolsa" ou "dólar MEP" - que é obtido através da compra de ativos cotados tanto em pesos como em dólares, pagos em pesos quando comprados e vendidos em dólares - subiu 0,9%, também para um nível recorde de 297,80 pesos por unidade.

Assim, a diferença entre o dólar atacadista e as cotações financeiras é de entre 130% e 142%.

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Desconfiança

Os especialistas locais relacionam o aumento da demanda de dólares com a necessidade de cobertura por investidores que desconfiam do progresso da economia local, marcada por fortes desequilíbrios, a escassez de divisas e problemas de financiamento, entre outros fatores.

"Os oportunidades continuam preocupados com a dinâmica das reservas monetárias em um segundo semestre em que a oferta de divisas está abrandando", disse o economista Gustavo Ber, chefe do Estudio Ber.

Além disso, as expectativas de uma maior inflação na Argentina - entre 70% e 80% anual até 2022, de acordo com prognósticos privados - incentivam as compras de dólares para se protegerem da perda de valor dos ativos na moeda local.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]