O número de mortos por coronavírus no mundo passou de 10 mil nesta sexta-feira (20), segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins. O número de casos confirmados está perto de 250 mil e vem se acentuando rapidamente desde o início de março, como mostra o gráfico abaixo elaborado pela instituição.
China e Ásia
O país onde a pandemia teve origem não reportou nenhum caso doméstico da Covid-19 pelo segundo dia consecutivo. Nesta sexta-feira, porém, as autoridades do país informaram 39 novos casos importados da doença, elevando o total para 228.
O aumento do número diário de casos importados é natural, tendo em vista que a crise de coronavírus na China foi estabilizada - há cerca de 7 mil pessoas infectadas no país neste momento - e cidadãos e residentes que estavam fora do país começam a voltar. Para não ver uma segunda onda da epidemia, o governo chinês está aumentando as restrições de viagem e impondo isolamento por pelo menos 14 dias. Para entrar em Pequim, por exemplo, um viajante é levado para um centro de isolamento onde ficará por esse período de tempo e terá que arcar com os custos de sua estadia. Se estiver doente, será monitorado pelas autoridades de saúde por mais tempo depois de sair do isolamento forçado.
Hong Kong está em situação semelhante: mais casos importados da Covid-19 e restrições de viagem para conter uma segunda onda da doença. Porém, a cidade semi-autônoma voltou a registrar casos domésticos da doença. Alguns pacientes informaram que frequentaram boates recentemente e o governo local investiga se os casos têm ligação com academias, restaurantes e a vida noturna em Lan Kwai Fong, local popular entre os jovens honcongueses.
Nesta sexta-feira, as autoridades de Hong Kong registraram 48 novos casos em apenas um dia - o maior aumento diário desde que a epidemia começou. No total, a cidade teve 208 casos de Covid-19 e 4 mortes.
A Coreia do Sul anunciou um declínio no número de casos positivos para coronavírus na sexta-feira: foram 87. Com isso, o país asiático retoma a tendência de menos de 100 infecções por dia, uma marca que manteve por quatro dias seguidos, mas que foi interrompida na quinta-feira. O saldo dos afetados pelo coronavírus é de 8.652, com 94 mortes.
Europa
Na Itália a situação é dramática. O novo coronavírus já matou mais pessoas lá do que na China. Dados divulgados pelas autoridades italianas nesta quinta-feira (19) mostram que 3.405 pacientes com Covid-19 faleceram no país - 427 apenas nas últimas 24 horas. Na China, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins, morreram 3.241 pessoas até agora.
Mais de 41 mil italianos foram infectados pelo vírus batizado de Sars-Cov-2. Destes, 4.440 se recuperaram. O número de casos ativos atualmente é de 33.190, há 15.757 pacientes hospitalizados, dos quais 2.498 estão em unidade de terapia intensiva. Os demais estão em isolamento domiciliar.
As cidades do norte da Itália estão sofrendo mais. Em Bérgamo, por exemplo, tantas pessoas morreram por causa da Covid-19 que as autoridades tiveram que pedir ajuda do exército para transportar caixões a outras cidades da região, porque o crematório local não estava conseguindo atender à demanda.
A Espanha é o segundo país da região com mais casos de coronavírus e nesta sexta-feira, as autoridades de saúde informaram que o número de mortos já passa de mil. O país está sob confinamento desde 14 de março para conter a propagação da doença. Por determinação do governo, os 46 milhões de cidadãos só podem sair de casa por motivo de trabalho ou necessidade máxima, como comprar comida.
Na quarta-feira, a região de Madri registrou 88 mortes em 24 horas - ou uma pessoa a cada 16 minutos. O país tem quase 20 mil casos confirmados e 1.002 mortes.
A Alemanha, segundo a John Hopkins, tem mais de 15 mil diagnósticos positivos e 44 mortes pela doença. Um oficial de saúde alemão disse que um aumento dos casos em quase 3.000 marca "crescimento exponencial". Segundo a BBC, o exército foi mobilizado e centenas de médicos reservistas foram contatados.
A França está tentando levar para casa seus cidadãos que estão no exterior. São cerca de 130 mil, segundo o Ministério das Relações Exteriores. O país viu, nesta quinta-feira (19), o maior aumento no número de mortes até agora. Segundo a agência France 24, foram 108 novas mortes por coronavírus em um dia, elevando o total para 372 - ou seja, um aumento de quase 41% em relação ao dia anterior.
O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu à população que fique em isolamento por pelo menos 15 dias, a fim de conter a contaminação por coronavírus. Encontros ao ar livre foram proibidos desde o dia 17.
Estados Unidos
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, ordenou nesta quinta-feira (19) que os 40 milhões de habitantes do Estado permaneçam em casa, como forma de tentar conter a pandemia do novo coronavírus. Só poderá sair à ruas a partir da noite desta quinta (pelo horário local) quem tiver alguma atividade essencial a fazer.
A decisão de Newsom configura, até o momento, o maior isolamento já decretado nos Estados Unidos por causa da pandemia. Se fosse um país, o estado seria a quinta maior economia do mundo.
O número de casos confirmados nos EUA já passa de 14 mil, com 218 mortes. Na Califórnia, já são mil casos e 18 mortos. O estado do país mais afetado é Washington, com 1,3 mil registros e 74 vítimas do novo coronavírus.
Oriente Médio
No Oriente Médio, o Irã anunciou mais 149 mortes pelo coronavírus nesta sexta-feira, elevando o número de mortos para 1.433 em meio a quase 20.000 casos confirmados no país. É o terceiro país mais atingido pela pandemia no mundo. Especialistas, porém, acreditam que o número de fatalidades e infecções deve ser ainda maior. Vários parlamentares, clérigos e autoridades do regime estão doentes - e alguns até morreram - por causa da Covid-19.
O Irã está pedindo que, em face da crise de saúde, os Estados Unidos aliviem as sanções contra a economia persa. Até mesmo o senador americano Bernie Sanders, pré-candidato democrata à presidência, fez um apelo para que a Casa Branca diminua a pressão econômica ao Irã.
Porém, nesta sexta-feira, o regime iraniano acordou com uma dura resposta: "a disseminação do coronavírus não o salvará das sanções dos EUA que estão sufocando suas receitas com o petróleo e isolando sua economia".
"Nossa política de pressão máxima sobre o regime continua", disse Brian Hook, representante especial dos EUA para assuntos iranianos. "As sanções dos EUA não impedem que a ajuda chegue ao Irã", acrescentou, segundo informou a Reuters.
A Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) tem aproveitado a pandemia para espalhar teorias conspiratórias de que os Estados Unidos e Israel estão por trás da propagação do coronavírus. De acordo com a Foreign Policy, Hossein Salami, comandante da Guarda, sugeriu que o coronavírus pode ser uma "invasão biológica americana", levando alguns dos defensores do regime a pedir uma resposta retaliatória.
Enquanto culpam inimigos, a propaganda do regime tenta esconder o despreparo das autoridades em lidar com a crise.
Na Arábia Saudita, 238 pessoas testaram positivo para a Covid-19. O reino colocou restrições a orações na Grande Mesquita de Meca e na Mesquita do Profeta em Medina - os dois locais mais sagrados do Islã.
Em Israel, o Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira que 705 pessoas estão infectadas com coronavírus. Segundo a BBC, a Suprema Corte do país decidiu na quinta-feira que um comitê parlamentar deve ser criado para supervisionar os poderes de emergência dados à agência de segurança interna Shin Bet, que permite monitorar os telefones celulares das pessoas com Covid-19 e dizer às pessoas que podem ter esteve em contato com eles para se auto-isolar.
América Latina
O Chile informou 342 casos da Covid-19 até esta quinta-feira, sem nenhuma morte. O governo do presidente Sebástian Piñera anunciou um plano de US$ 11,75 bilhões para lidar com a contingência e suas consequências econômicas.
O Congresso do país aprovou nesta quinta o projeto que posterga o plebiscito constitucional para 25 de outubro, por conta da pandemia de coronavírus. A votação, que ocorreria em 26 de abril, determinará se os chilenos desejam manter em vigor a atual Constituição, promulgada durante a ditadura de Augusto Pinochet.
O Equador é outro país onde o contágio parece ter explodido, com 53 casos confirmados na quarta-feira e outros 88 na quinta-feira. Ao menos 260 pessoas foram infectadas por lá, três das quais morreram.
Dois países nos quais os primeiros casos foram informados há menos de uma semana também estão notificando um rápido aumento de infecções: Venezuela, onde 42 já estão infectados de acordo com dados oficiais e Uruguai, onde já somam 94.