Nas duas últimas semanas, os olhares de todo o mundo estiveram voltados para as eleições presidenciais dos Estados Unidos. A disputa acirrada entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden, a demora na contagem de votos e a judicialização do pleito tomaram os noticiários. Ao mesmo tempo, outro fenômeno, mais silencioso, avançava pelo país: a segunda onda da pandemia de Covid-19. Até o momento, os EUA registram, aproximadamente, 11,3 milhões de casos da doença e 247 mil mortes em decorrência da Covid-19.
O número de pessoas hospitalizadas por conta do vírus vem crescendo nos EUA desde o último dia 10, quando o país superou a marca de 60 mil internados, quantidade que não tinha sido atingida desde o início da pandemia, em março. Na segunda-feira (16), o registro foi de 73 mil pessoas hospitalizadas infectadas pelo vírus, um novo recorde no país, segundo o Covid Tracking Project. Já o número de pacientes em unidades de terapia intensiva chegou à maior cifra desde abril, com 14,3 mil internados.
A segunda onda de coronavírus nos Estados Unidos tem algumas particularidades em comparação à primeira, que assolou o país no semestre passado. Na primavera (do Hemisfério Norte), a região mais atingida foi a Nordeste, tendo em Nova York o epicentro da doença. Na Big Apple, em abril, caminhões refrigerados precisaram ser usados como necrotérios improvisados, causando cenas que pareciam ter saído diretamente de um filme de terror.
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No verão (inverno no Hemisfério Sul), por sua vez, o SARS-CoV-2 atingiu com mais força o chamado “Cinturão do Sol”, que compreende o Sul e o Sudoeste dos EUA. Em junho e julho, a Flórida, tradicional destino de férias não só dos norte-americanos, mas de brasileiros, a pandemia saiu do controle. Agora, quando o país está na reta final do outono, a pandemia chegou com força a comunidades do interior do Oeste e do Meio-Oeste.
Ao mesmo tempo, hoje, conforme o feriado de Ação de Graças e as festas de fim de ano se aproximam, praticamente todos os estados norte-americanos são considerados focos da doença. A única exceção é o Havaí, que, até o momento, registrou 16,7 mil infecções e 221 mortes por Covid-19.
Dois estados já ultrapassaram 1 milhão de infectados: Texas (1.0666.918) e Califórnia (1.044.194). Essas localidades têm, respectivamente, o segundo e o terceiro maior número de mortes. No Texas, 20 mil pessoas já perderam a vida para o coronavírus, enquanto na Califórnia foram 18,3 mil vítimas fatais. Por mais que Nova York seja o quinto estado mais infectado em números absolutos, com 563,7 mil casos, a localidade registra o maior número de mortes: 34,1 mil.
Escolas e academias afetadas
No Michigan, no Meio-Oeste, o governo anunciou, no último domingo (15), a suspensão, por três semanas, de aulas presenciais nas escolas e faculdades do estado. Outras restrições, que começam a valer a partir desta quarta (18), incluem a proibição de comer em restaurantes e bares durante o período, além da suspensão de atividades esportivas em grupo, incluindo as realizadas em academias de ginástica, exceto para os atletas profissionais ou que representam instituições de ensino. Cinemas e cassinos também serão fechados e as reuniões particulares estão limitadas a duas famílias.
A governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, afirmou recentemente que o estado, que viu o número de casos dobrar nas últimas semanas, está à beira de um “colapso”. A localidade registra, hoje, 289 mil infecções e 8,4 mil mortes.
As academias também foram alvo de restrições no estado de Nova York, onde o governador Andrew Cuomo definiu que locais de prática esportiva e exercícios físicos e estabelecimentos que têm autorização para vender bebidas alcoólicas, inclusive bares e restaurantes, devem permanecer abertos até, no máximo, as 22h. No estado, reuniões sociais em residência estão limitadas a 10 pessoas. Medida similar foi adotada no Minnesota, onde foi determinado que bares e restaurantes fechem até as 22h.
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Já na Costa Oeste, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, afirmou na segunda-feira (16) que mais de 94% da população está sujeita a restrições mais rígidas. Restaurantes, igrejas e outros locais de culto e academias vão permanecer fechadas. O mandatário disse estar considerando um toque de recolher estadual a fim de conter a propagação da Covid-19.
Newson e os governadores de Oregon e Washington, na mesma região, também emitiram avisos de viagem pedindo às pessoas que chegam aos estados, incluindo moradores que estiveram fora e estão retornando para casa, que façam uma espécie de auto-quarentena.
No estado de Washington, medidas de restrição já estão valendo para bares e restaurantes. Agora, academias, teatros, museus e cinemas vão fechar. No domingo (15), o governador Jay Inslee disse que aquele era o “dia de saúde pública mais perigoso dos últimos 100 anos da história do nosso estado”. Inslee afirmou que se a propagação do vírus não for controlada o quanto antes, muito em breve hospitais e necrotérios vão ficar sobrecarregados.
Outras medidas
Em Iowa, a governadora Kim Reynolds estipulou que reuniões em espaços fechados estão limitadas a 15 pessoas e que casamentos e funerais realizados em espaços abertos podem receber até 30 convidados. Assim como em Nova York, os bares e restaurantes do estado devem fechar às 22h, no máximo. Foi baixada, ainda, a obrigatoriedade de máscaras em situações nas quais não for possível manter o distanciamento social (em locais públicos, por exemplo).
Outros estados que tornaram obrigatório o uso de máscara de proteção foram Dakota do Norte, Ohio, Utah e Virgínia Ocidental. Ainda, em Ohio, o governo estadual não descarta fechar restaurantes, bares e academia se os casos continuarem crescendo por lá. 305 mil pessoas já foram infectadas pelo coronavírus no estado e 5,7 mil pessoas perderam a vida para a doença na localidade.
No Wisconsin e Nevada, autoridades pediram aos moradores que façam o possível para permanecer em isolamento em casa pelos próximos 15 dias, a fim de evitar que medidas restritivas mais duras sejam tomadas. Em Chicago, por sua vez, negócios não essenciais devem fechar às 23h e encontros particulares estão limitados a 10 convidados. Já em Maryland, restaurantes tiveram que reduzir sua capacidade de atendimento presencial para 50%, enquanto o governo de Indiana limitou eventos e reuniões e interrompeu o processo de reabertura econômica.
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