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O Credit Suisse anunciou nesta terça-feira (18) que, após dois anos de investigações, não encontrou provas de que cidadãos nazistas exilados na Argentina tinham contas no banco durante a década de 1930, segundo uma acusação feita pelo Centro Simon Wiesenthal em 2020.
As investigações foram conduzidas pela empresa de investigação forense AlixPartners. Elas envolveram 50 pessoas que analisaram 480 mil documentos e "não encontraram provas que sustentem as acusações do centro", afirmou o banco em comunicado.
O Centro Simon Wiesenthal pediu ao Credit Suisse em março de 2020 para investigar uma lista de 12 mil indivíduos, que o centro disse incluir nazistas que chegaram à Argentina na década de 1930, muitos suspeitos de terem transferido grandes quantias de dinheiro para contas suíças.
A lista era baseada em membros da União Alemã de Grêmios (UAG), um sindicato argentino vinculado à ideologia nazista. Segundo o Centro Simon Wiesenthal, muitos deles tinham contas no banco suíço Schweizerische Kreditanstalt, um predecessor direto do Credit Suisse.
Investigações
De acordo com o Credit Suisse, os investigadores da AlixPartners descobriram que a lista de 12 mil pessoas, além de ter muitas pessoas em duplicidade (e, na realidade, serem menos de 9 mil), não incluía membros do Partido Nazista Argentino, segundo a lista compilada pelo governo dos Estados Unidos, em 1946, de membros do Partido Nazista.
Da lista fornecida pelo Centro Simon Wiesenthal, os investigadores encontraram apenas oito membros que podem ter tido uma conta no Schweizerische Kreditanstalt entre 1933 e 1945, mas "sete delas foram encerradas em 1937", afirmou o Credit Suisse. "Apenas uma permaneceu aberta durante a Segunda Guerra Mundial, a de um membro da UAG que tinha emigrado para a Argentina na década de 1920, e que não estava na lista de membros do Partido Nazista argentino do governo dos EUA", acrescentou o banco suíço no comunicado.
Histórico
O Credit Suisse observou que as conclusões são semelhantes às publicadas há duas décadas, no contexto do Acordo Global de 1999 (do qual o Centro Simon Wiesenthal também participou) e que, conforme recordou o banco suíço, "pôs fim à controvérsia sobre os bancos suíços durante a Segunda Guerra Mundial".
Esse acordo para compensar as vítimas do Holocausto e os seus herdeiros, dizia a declaração, "ilibou definitivamente os bancos suíços de todas as acusações relacionadas com a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, as suas vítimas e quaisquer transações com o regime nazista".
O Credit Suisse convidou o Centro Simon Wiesenthal a reunir os seus funcionários com os da AlixPartners para apresentar os resultados da investigação de forma mais detalhada.