Credores internacionais definiram um prazo limite para salvar a Grécia de uma moratória no próximo mês, enquanto o primeiro-ministro, George Papandreou, enfrenta baixas no partido socialista, em meio a medidas de austeridade exigidas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional.
O drama político em Atenas, onde protestos em massa se tornaram violentos e esforços para formar um governo de unidade nacional fracassaram na quarta-feira, sacudiu os mercados financeiros, já preocupados pelas incertezas na Europa com relação a um segundo pacote de ajuda à Grécia.
'Nossa resposta aos desafios que enfrentamos é estabilidade e mantermos nosso curso de reformas', afirmou Papandreou, premiê do país, durante reunião no Parlamento solicitada por críticos das políticas de austeridade.
O primeiro-ministro, que adiou a modificação de seu gabinete para sexta-feira, também disse que continuará buscando um consenso político mais amplo, apesar do fracasso nas negociações com a oposição, nas quais se dispôs inclusive a deixar o cargo.
O euro caía a uma mínima recorde ante o franco suíço e perdia valor também ante o dólar e o iene, conforme investidores buscavam ativos mais seguros devido a crescentes preocupações de que os problemas da Grécia estejam longe de uma solução.
Também houve sinais nos mercados de bônus de crescente tensão em empréstimos interbancários, como ocorreu quando a crise de dívida do país estourou, no início do ano passado.
Em comunicado com o objetivo de tranquilizar os mercados, o comissário econômico da União Europeia, Olli Rehn, disse esperar que a UE e o FMI liberem uma parcela de 12 bilhões de dólares no início de julho para manter Atenas de pé.
Rehn reconheceu que demorará mais tempo para disponibilizar um segundo pacote de resgate ao Estado grego, devido às divergências sobre como investidores privados podem dividir os custos. O comissário pediu que decisões fossem tomadas até meados de julho, em vez de deixar a questão até setembro, como a Alemanha, maior contribuidora da UE, está sugerindo.
'Estou confiante de que no próximo domingo, o Eurogroup vai poder decidir sobre a liberação da quinta parcela de empréstimos à Grécia no início de julho. E confio que seremos capazes de concluir uma revisão pendente no acordo com o FMI, afirmou.
Um porta-voz do FMI disse que a continuidade do suporte financeiro por parte do Fundo depende da adoção por Atenas das reformas político-econômicas já acertadas e da aprovação pelos Estados-membros do organismo, onde nações emergentes estão cada vez mais críticas quanto a injetar mais dinheiro na Europa.
'Progressos estão sendo feitos nas discussões para garantir financiamento integral do programa, e prevemos um resultado positivo disso na próxima reunião do Eurogroup', disse ele.
Enfraquecido por greves, protestos e uma série de renúncias em seu partido Pasok, Papandreou prometeu implementar um programa que prevê profundos cortes de gastos, elevação de impostos e privatizações de ativos estatais com o objetivo de enquadrar a Grécia nas condições da UE e do FMI.
O ministro grego de Finanças, George Papaconstantinou, que agrega confiança dos credores globais e de investidores, pode ter de deixar o cargo devido à profunda impopularidade do plano de austeridade, disseram fontes do governo.
O FMI havia afirmado que a parcela de ajuda à Grécia seria liberada em 29 de junho, sob a condição de os Estados-membros da zona do euro concordarem em suprir as necessidade de financiamento de Atenas pelos próximos 12 meses. Mas várias fontes disseram que o Fundo agora sinalizou que o compromisso político com relação a futuros empréstimos seria suficiente.
Preocupação dos mercados
Os preços dos títulos gregos recuaram a mínimas recordes, e o custo de proteção da dívida do país contra um calote disparou para máximas históricas. O prêmio de risco de bônus soberanos de outras nações da zona do euro --como Espanha e Itália-- também subiu, com investidores se direcionando para os papéis alemães, considerados mais seguros.
No mais recente alerta do Banco Central Europeu, o formulador de política monetária Yves Mersch disse que uma 'insolvência desordenada' de um Estado da zona do euro teria efeitos devastadores para o todo o bloco e que 'uma nova crise financeira seria mais do que provável'.
O comissário Rehn disse esperar que os ministros de Finanças da zona do euro tomem uma decisão sobre um novo programa de ajuda à Grécia até 11 de julho.
Mas duas fontes do governo alemão afirmaram que Berlim quer adiar um acordo que preveria um novo programa no valor de 120 bilhões de euros, incluindo 30 bilhões de euros em privatizações, até setembro, devido a divergências sobre como envolver investidores privados no socorro financeiro.
A Comissão Europeia, o BCE e a França são a favor de um envolvimento mais brando do setor privado, no qual bancos concordariam com uma rolagem do pagamento de títulos gregos à medida que eles vencem.
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