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O presidente Assad (direita) com o ministro Ali Habib (centro), que foi substituído pelo general  Daoud Rajha (esq.) | Sana/Reuters
O presidente Assad (direita) com o ministro Ali Habib (centro), que foi substituído pelo general Daoud Rajha (esq.)| Foto: Sana/Reuters

Brasil

Para Dilma, uso da força deve ser último recurso

A presidente Dilma Roussef referiu-se ontem à crise na Síria lembrando que o uso da força deve ser o último recurso — e usado apenas diante do consenso internacional.

Em um almoço oferecido pelo Itamaraty ao primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, Dilma reiterou que o Brasil valoriza o diálogo e é um modelo de paz e democracia.

"Somos hoje modelo de paz, democracia e integração. Somos uma área livre de armas nucleares, que acredita no valor do diálogo. Temos legitimidade para recomendar uma atitude mais ousada em relação às rápidas transformações do mundo", declarou a presidente.

Dilma voltou a destacar a legitimidade do Brasil para sugerir ações em áreas de conflito. Na semana passada, o Itamaraty também classificou como fundamental a participação brasileira para que o Conselho de Segurança da ONU conseguisse se manifestar contra a escalada de violência na Síria. O texto condena a violência, mas não admite ingerência estrangeira.

Enquanto Brasil, Índia e África do Sul investem na via diplomática para tentar convencer o regime de Bashar Assad a cessar a violência contra os manifestantes, mais dois países árabes – Kuait e Bahrein – se uniram à Arábia Saudita e convocaram ontem seus embaixadores em Damasco para consultas, aumentando o isolamento sírio.

A decisão foi anunciada após a Liga Árabe, pela primeira vez, condenar publicamente a re­­­pres­­são do ditador contra os opositores.

Os Estados Unidos saudaram a posição da Liga Árabe. "Estamos mais motivados pela firme posição que vimos neste fim de semana por parte da Liga Árabe e do Conselho de Cooperação do Gol­­fo (CCG)", disse o porta-voz ad­­junto do Departamento de Esta­­do, Mark Toner.

Para os EUA, isso demonstra novos sinais de rejeição da comunidade internacional à "brutalidade" de Assad.

Entretanto, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Elaraby, deixou claro que a entidade usará de persuasão, e não de "medidas drásticas", para pressionar pelo fim da violência na Síria.

Os representantes de Índia, Brasil e África do Sul (Ibas) chegam hoje a Damasco e se reúnem amanhã. Os diplomatas entregarão um documento conjunto ao chanceler sírio, Walid Muallem, pedindo "comedimento, o fim da violência e o avanço das reformas". O subsecretário-geral para Oriente Mé­­dio do Itamaraty, Paulo Cordeiro, representará o governo brasileiro na missão.

A Turquia, aliada da Síria, anunciou que enviará também seu chanceler a Damasco para enviar mensagem contra a violência do regime.

Troca de ministro

Em meio à dura repressão aos protestos, Assad demitiu seu mi­­nistro da Defesa, Ali Habib, que foi substituído pelo general Da­­woud Rajha. Habib, oficialmente, deixou o cargo por causa de problemas de saúde. Alguns analistas políticos dizem que ele deixou o cargo porque discorda da violência usada contra os manifestantes.

Ontem, o governo renovou a repressão ao atacar Deir el-Zor, no leste sírio, bombardeando a cidade com artilharia. Pelo me­­nos 42 pessoas foram mortas pela repressão em Deir el-Zor no domingo.

Tanto Habib quanto Rajha, figuras de destaque do regime, foram incluídos nas sanções da comunidade internacional a personalidades do governo sírio.

A cidade sitiada de Deir el-Zor foi alvo de disparos de artilharia. "Nós ouvimos explosões muito fortes e agora há disparos intermitentes", disse um ativista que está na cidade e falou sob anonimato.

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