O apoio à proposta para o Brexit apresentado por Theresa May ao Parlamento evaporou, e membros de seu Partido Conservador esperam que a primeira-ministra renuncie -espontânea ou forçosamente - dentro de dias.
Em um novo golpe contra sua frágil liderança, a líder do Parlamento e um dos partidários mais fervorosos do Brexit no gabinete, Andrea Leadson, renunciou a seu posto nesta quarta-feira (22), afirmando não mais poder apoiar o plano da primeira-ministra para a saída do Reino Unido da União Europeia.
O ponto de discórdia foi a possibilidade de um segundo referendo sobre o Brexit levantado nesta semana por May, em troca de apoio do Partido Trabalhista - provocando a ira dos conservadores.
Segundo Leadson, a proposta, que deveria ser apresentada para votação no Parlamento nesta quinta (23) é "perigosamente divisiva".
"Considerei cuidadosamente o timing dessa decisão, mas não posso cumprir meu dever como líder da Casa amanhã e anunciar uma proposta com novos elementos aos quais eu me oponho fundamentalmente", afirmou Leadson.
"Já não acredito que nossa abordagem vá entregar o resultado do referendo. É portanto com enorme pesar e um coração pesado que eu renuncio ao governo", disse em sua carta de renúncia.
No referendo de 2016, 52% dos britânicos votaram a favor da saída da União Europeia.
O tempo acabou
Ian Lavery, líder dos trabalhistas no Parlamento, afirmou que renúncia de Leadson mostra que a autoridade da primeira-ministra está afetada e que seu tempo acabou.
"Pelo bem do país, Theresa May precisa sair, e precisamos eleições gerais imediatamente",
Na véspera das eleições para o Parlamento Europeu - das quais o Reino Unido participará justamente por não ter decidido a tempo os mecanismos do Brexit -, diversos ministros alertaram May de que não votariam a favor da nova proposta. Algumas pesquisas apontam para um derrota dos conservadores, que devem chegar em quinto lugar nas eleições desta quinta.
Segundo o Financial Times, May se recusou a se encontrar com seus ministros Sajid Javid (Interior), Jeremy Hunt (Relações Exteriores) e David Mundell (Escócia), mantendo reuniões com o núcleo duro de seu governo sobre se deveria ou não permanecer no poder.
Ainda de acordo com o jornal britânico, três ministros pediriam que ela removesse totalmente a chance de um segundo referendo da proposta. Outros sugerem que ela abandone a tentativa de aprovar a lei no início de junho e simplesmente anuncie sua renúncia.
No entanto, May afirmou em discurso na Câmara que seu "dever" era tentar persuadir os parlamentares a apoiar a proposta, alegando que se o texto for rejeitado pela quarta vez haveria uma chance real de o brexit não ocorrer.
Ela admitiu, porém, que seu tempo como primeira-ministra está acabando.
"Em tempo, outro premiê estará aqui nesta tribuna. Mas enquanto estou aqui tenho o dever de ser clara com a Câmara sobre os fatos. Se quisermos entregar o Brexit neste Parlamento, teremos de aprovar o acordo de saída."
Graham Brady, presidente do chamado Comitê 1922, que reúne parlamentares conservadores, deve se encontrar com May na sexta-feira, um dia após as eleições europeias.
Um membro do comitê disse ao Financial Times esperar que ela renuncie antes disso.
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