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Crescem assassinatos de gays no Iraque, diz relatório da Human Rights Watch

Milicianos estão torturando e matando homossexuais no Iraque, em uma campanha sistemática que já deixou centenas de mortos no país desde 2004. A denúncia foi feita nesta segunda-feira pela Human Rights Watch (HRW), importante organização de defesa dos direitos humanos, em um relatório que exige atitudes urgentes do governo iraquiano.

Segundo a ONG, as chamadas "limpezas sociais" representam um novo risco à segurança, mesmo em um contexto em que outros tipos de violência ganham força. O relatório cita depoimentos de pessoas que tiveram suas casas invadidas por grupos armados, usando máscaras. Outras testemunhas relatam ter encontrado corpos de homossexuais em lixões, mutilados e apresentando sinais de tortura. Às vezes, palavras ofensivas são inscritas nos corpos.

A Human Rights Watch denuncia ainda que homossexuais iraquianos também são vítimas dos chamados crimes de honra, em que gays são mortos pelos próprios familiares, que agem alegando defender a respeitabilidade de sua família.

A organização afirma que integrantes do grupo xiita Exército do Mehdi estariam à frente da campanha, mas que também haveria envolvimento da polícia. No documento, a ONG cita relatos de que forças de segurança do governo teriam "apoiado e participado dos assassinatos".

- A mesma coisa que costumava acontecer a sunitas e xiitas está ocorrendo agora com os gays - disse um médico, referindo-se ao período de disputa sectária no país. O profissional, ele mesmo um gay assumido, afirmou que perdeu vários amigos assassinados.

Recentemente, posteres foram vistos na Cidade Sadr - uma área xiita, conservadora, de Bagdá - pedindo às pessoas que denunciem gays e dêem não apenas seus nomes, mas também seus endereços. Quase 90 homossexuais foram mortos no Iraque desde o início de janeiro e muitos outros estão desaparecidos, disse o relatório da HRW, intitulado "Querem nos exterminar".

O relatório diz que muitos homossexuais iraquianos fugiram para países vizinhos onde, embora a atividade homossexual seja proibida, o risco de perseguições é menor. Segundo a ONG, as ameaças e abusos se alastraram da capital iraquiana, Bagdá, para cidades como Kirkuk, Najaf e Basra, embora as perseguições sejam mais concentradas em Bagdá.

- Ouvimos histórias, confirmadas por médicos, de homens que tiveram cola aplicada em seu ânus e depois foram obrigados a tomar laxantes, o que leva a uma morte muito dolorosa - disse Rasha Mumneh, um dos autores do relatório.

As autoridades do Iraque dizem que parte do problema em lidar com os ataques é que os parentes das vítimas raramente dão informações à polícia.

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