Premiê japonês Yukio Hatoyama enfrenta índices de popularidade de cerca de 20%| Foto: Reuters

Membros do partido governista japonês aumentaram a pressão para que o primeiro-ministro Yukio Hatoyama renuncie, enquanto seus níveis de aprovação atingiram novas mínimas perto das eleições nacionais previstas para o próximo mês, segundo o Wall Street Journal.

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Pesquisas divulgadas esta semana mostraram que o apoio ao governo de Hatoyama caiu para cerca de 20%, comparado aos níveis acima de 70% registrados em setembro, depois que ele voltou atrás, no mês passado, em uma promessa de realocar tropas norte-americanas estacionadas na ilha japonesa de Okinawa. A decisão sobre a base finalmente levou à perda de um parceiro político de coalizão para o governista Partido Democrático do Japão (PDJ), de Hatoyama.

Os pedidos mais fortes para Hatoyama renunciar estão vindo de membros da câmara alta do Parlamento japonês que pertencem ao partido de Hatoyama e temem perder seus assentos nas eleições previstas para 11 de julho. Entre os críticos proeminentes está Azuma Koshiishi, que encabeça o grupo do PDJ na câmara alta, e Shokichi Kina, um membro do PDJ na câmara alta que representa Okinawa.

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"Cabe ao primeiro-ministro Hatoyama decidir qual é a melhor coisa a fazer para reverter esta situação tão difícil", disse outro crítico, Yoshimitsu Takashima, representante sênior do partido e membro da câmara alta.

Em uma pesquisa do Yomiuri Shimbun, jornal conservador japonês, apenas 14% dos participantes disseram que apoiariam o PDJ nas eleições nacionais, comparado ao apoio de 19% para o Partido Liberal Democrático (PLD), principal partido de oposição. Atualmente, o PDJ mantém a maioria na câmara alta, com pequena diferença.

Hatoyama repetiu na terça-feira sua intenção de se manter no cargo. "Os eleitores escolheram nossa nova administração para implementar mudanças políticas amplas", ele disse. "Pretendo continuar trabalhando para atingir esta meta".

Hatoyama também se encontrou com Koshiishi e Ichiro Ozawa, secretário-geral e o arquiteto de sua vitória eleitoral no ano passado, para discutir as estratégias de campanha do partido, incluindo a decisão se Hatoyama deve sair. Os três representantes concordaram em continuar o diálogo, de acordo com Hirofumi Hirano, secretário-chefe do gabinete.

Com grande maioria na câmara baixa do Parlamento, que detém mais poder em relação ao orçamento nacional, o PDJ, de centro-esquerda, vai continuar no governo pelo menos até as próximas eleições gerais, em 2013. A posição do partido para temas como relações bilaterais com os Estados Unidos e políticas de impostos também não deve mudar.

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Mas se o PDJ perdesse muitos assentos na câmara alta na eleição de julho, forçaria o partido a aumentar sua dependência de coalizões com parceiros com pontos de vista diferentes. Isto tornaria difícil para o partido impulsionar suas políticas e faria o processo legislativo nacional mais instável.

Ainda há uma sólida chance para o primeiro-ministro sobreviver. Os membros-chave de seu gabinete expressaram seu apoio, incluindo o Ministro de Finanças, Naoto Kan, entre os principais candidatos a substituí-lo, e Seiji Maehara, o popular Ministro dos Transportes.

Ainda, as pesquisas dessa semana mostram uma dramática queda na popularidade de Hatoyama, que derrotou o então governista PLD com maioria esmagadora de votos nas eleições de agosto, em parte com promessas de grandes mudanças na cena política nacional. Desde então, promessas de campanha não cumpridas e o escrutínio sobre as práticas de arrecadação de recursos dos líderes do partido erodiram sua popularidade.

Até agora, os legisladores do PDJ têm se comprometido a manter Hatoyama como seu líder até o fim do seu mandato, em 2013, para evitar o erro do governo anterior. Nos seus anos finais no poder, o PLD instalou um novo primeiro-ministro a cada ano, tentando em vão ganhar apoio popular.

Metade dos 242 assentos da câmara alta serão trocados nas eleições de julho. Dos 122 assentos do PDJ, 56 estarão em jogo.

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"Precisamos pedir mais paciência aos eleitores", disse Hajime Ishii, estrategista-chefe do partido para as eleições, em uma entrevista na semana passada. "Com grandes mudanças históricas no governo, levou tempo para que as pessoas começassem a sentir a diferença." Ishii acrescentou que o partido também se tornou esperançoso pelo fato de o oposicionista PLD não estar se beneficiando muito das dificuldades de seu partido.

Os líderes do opositor PLD também pediram a renúncia de Hatoyama e estão preparando uma notificação para expulsá-lo do gabinete, apesar de que a medida não deve ser aprovada pelo Parlamento, controlado pelo PDJ.

Os pedidos de renúncia do partido de Hatoyama surgiram esta semana, depois de algum tempo sem vir à tona, com a dificuldade do primeiro-ministro em resolver a questão sobre Okinawa. Antes do auto-imposto prazo que vencia no fim de maio, Tóquio cedeu às demandas dos Estados Unidos para manter um acordo assinado com o governo anterior, com pequenas modificações. Hatoyama, que havia prometido previamente renegociar o acordo, falhou em obter consenso com comunidades locais em Okinawa ou do Partido Social Democrata, um dos pequenos parceiros de coalizão com o PDJ.

O impasse levou à saída dos sociais democratas da coalizão, uma mudança que poderá atrapalhar os esforços do legislativo do PDJ nas próximas semanas. Enquanto o PDJ e outro parceiro da coalizão juntos detêm pequena maioria na câmara alta, algumas políticas-chave poderiam ser rejeitadas sem a ajuda do Partido Social Democrata. Isto porque o PDJ não tem maioria em alguns comitês importantes do Parlamento.

Antes que a atual sessão parlamentar termine em meados de junho, o governo espera aprovar algumas medidas que são centrais para sua política econômica, incluindo uma lei para reverter a privatização do serviço postal japonês e outra para apertar as regras de contratação de trabalhadores temporários.

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