Veja qual foi a técnica que permitiu a criação de espermatozóides em laboratório| Foto:

Pesquisa

Célula é difícil de estudar

Embora seja a menor célula do corpo humano, o processo que produz o espermatozoide – conhecido como espermatogênese – é complexo e leva mais de um mês. Seu tamanho diminuto e a complexidade de sua estrutura mantiveram muitas de suas propriedades em segredo até agora.

Na semana passada, pesquisadores finalmente anunciaram como o espermatozoide é atraído para o óvulo: uma espécie de poro das células "sentiria’’ a presença de progesterona e dispararia o mecanismo.

O sucesso com os camundongo abre as portas para a experiência em humanos, mas ainda não há previsão disso.

"Estou confiante que conseguiremos aplicá-la [a técnica] em animais maiores’’, disse Takehiko Ogawa, chefe do trabalho.

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Yokohama - Cientistas do mundo inteiro tentavam há quase um século, mas só agora um grupo conseguiu: pela primeira vez na história foi possível criar espermatozoides de um mamífero em laboratório.

A experiência foi feita com camundongos, mas o objetivo é adaptar a técnica para resolver problemas de fertilidade em seres humanos.

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Os espermatozoides, criados por pesquisadores japoneses da Universidade da Cidade de Yokohama, conseguiram dar origem – por meio de fertilização in vitro – a descendentes, machos e fêmeas, saudáveis e férteis.

Isso aconteceu até quando as células colhidas haviam passado algum tempo congeladas. É um fator que tradicionalmente atrapalha o sucesso da fertilização.

Para chegar ao resultado, os cientistas retiraram, por meio de uma biópsia, células dos testículos de camundongos recém-nascidos, com dois ou três dias de vida. Esse material tinha apenas gonócitos e espermatogônias, estágios primitivos do complexo processo de formação dos espermatozoides.

Os cientistas tentaram fornecer quase todos os componentes da formação natural das células. Para que elas se desenvolvessem totalmente, eles adicionaram KSR, produto muito usado em culturas de células-tronco.

O sucesso da técnica em camundongos animou os cientistas. Um dos futuros objetivos da pesquisa é oferecer uma alternativa para preservar as células reprodutivas de crianças e jovens que precisam ser submetidos a tratamentos que podem causar infertilidade, como quimioterapia e radioterapia.

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Para um organismo masculino completamente desenvolvido pode ser fácil conseguir farta quantidade de espermatozoides. Em crianças, o processo de maturação não está concluído, o que torna isso mais difícil.

Pesquisas anteriores sugerem transplantes de células-tronco nos testículos no tratamento contra a infertilidade. Tecnicamente, isso também seria possível com os espermatozoides criados em laboratório, gerando filhos pela "ma­­neira tradicional’.

Os criadores do método, no entanto, pretendem usar fertilização in vitro para a reprodução. Em humanos, os resultados e riscos dos transplantes ainda precisam de muitos testes.

Não há previsão de quando o método possa chegar ao público. De acordo com especialistas, ainda é necessário cautela e, principalmente, mais testes para verificar se os descendentes produzidos com as células de laboratório são realmente saudáveis.