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Terremoto

Crianças acendem velas e festival lembra os mortos no Japão

O obon, uma cerimônia budista que homenageia os mortos, acontece anualmente, mas moradores dizem que o evento desse ano é diferente | REUTERS/Kim Kyung-Hoon
O obon, uma cerimônia budista que homenageia os mortos, acontece anualmente, mas moradores dizem que o evento desse ano é diferente (Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon)

Crianças em uma cidade devastada pelo terremoto no nordeste do Japão acenderam 10 mil velas e soaram os tambores taiko nesta sexta-feira (12) na véspera do "obon", uma cerimônia budista que homenageia os mortos, enquanto moradores lutam para reconstruir suas vidas cinco meses depois do desastre.

Kesennuma, uma cênica cidade pesqueira aproximadamente 400 quilômetros a nordeste de Tóquio, foi cercada por incêndios depois de ser atingida por um terremoto de magnitude 9 e um gigantesco tsunami em 11 de março. O desastre deixou mais de 20.400 mortos ou desaparecidos no Japão, e desencadeou a pior crise nuclear do mundo em 25 anos em Fukushima.

Em Kesennuma, cerca de mil dos 73.500 moradores morreram e mais de 400 estão desaparecidos, supostamente mortos. Enquanto a polícia ainda realiza buscas, alguns sobreviventes que perderam seus entes queridos ou aguardavam o seu retorno agora estão tentando seguir em frente com suas vidas.

"Tristeza é tristeza. Mas é uma emoção que as pessoas não deveriam segurar para sempre", disse Kanji Hatakeyama, autoridade municipal que também perdeu sua casa no tsunami, ao observar crianças tocando músicas tradicionais japonesas nos tambores durante o festival de verão.

No último mês, as páginas de um jornal local estavam cheias de notas de falecimento, e muitos velórios para os desaparecidos foram realizados enquanto moradores buscavam uma conclusão emocional antes do obon em meados de agosto, quando famílias recebem de volta os espíritos dos mortos.

O obon é comemorado todos os anos, mas moradores dizem que o evento desse ano é diferente, no momento em que Kesennuma lida com perdas e trabalha para se reconstruir.

Quase 13 mil casas foram destruídas e 1.500 desalojados ainda vivem nos abrigos aguardando casas temporárias. A cidade pretende enviar seu plano de reconstrução até o fim de setembro, apesar de alguns moradores se queixarem que o processo tem sido muito lento.

"Estou esperando há cinco meses e meus níveis de estresse e pressão sanguínea aumentaram", disse a viúva de 71 anos Kuniko Ito, que estava conversando com suas amigas em um ginásio de escola fundamental transformado em centro de abrigo.

Enquanto os desalojados conversam do lado de dentro, um festival para incentivar a reconstrução e comemorar os mortos era realizado no pátio.

Ao anoitecer, voluntários ascenderam 10 mil velas, desenhando com as chamas a palavra japonesa para "oração" e o contorno de um navio transportando um trevo de quatro folhas.

"Elas estão alinhadas de forma muito bonita. Estou feliz", disse Airi Ohara, de 8 anos, que conseguiu fugir do tsunami com seus colegas da escola.

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