Um vídeo aparentemente inocente chocou os moradores de Filadélfia, Estados Unidos, na última semana. No que poderia ser um momento de recreação e expressão artística, crianças e adolescentes vestidos em trajes tradicionais islâmicos aparecem cantando e declamando palavras de ódio aos judeus e de sacrifício em nome de Alá.
"Vamos defender a terra da orientação divina com nossos corpos e vamos sacrificar nossas almas sem hesitação", disse uma das criança durante a apresentação. "Cortaremos a cabeça deles e libertaremos a Mesquita de Al-Aqsa, que é dolorosa e exaltada. Iremos liderar o exército de Alá cumprindo Sua promessa, e vamos submetê-los à tortura eterna".
A citada Mesquita de Al-Aqsa, reverenciada pelos judeus como o Monte do Templo e pelos muçulmanos como o Santuário Nobre, está no cerne do conflito entre israelenses e palestinos e atualmente é controlada por Israel.
O local onde as crianças aparecem no vídeo é o centro da Sociedade Muçulmana Americana (MAS, na sigla em inglês) na Filadélfia e a apresentação celebrava o “Dia do Umma”, data em que os muçulmanos comemoram suas tradições culturais. A tradução - não contestada - foi feita pelo Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio (Memri), organização de monitoramento do Oriente Médio.
Depois da polêmica, a Sociedade Muçulmana Americana explicou que as imagens foram gravadas em 17 de abril de 2019 durante um evento de uma entidade escolar que não faz parte da sociedade, mas que aluga o espaço. A MAS também informou que a pessoa responsável pela apresentação foi demitida e
classificou o vídeo como “perturbador”, condenando as palavras ditas pelas crianças.
Apesar da alegada desconexão com a escola responsável pela apresentação, o vídeo foi divulgado pela página da MAS na Filadélfia no Facebook - posteriormente ele foi deletado. Sobre isso, a instituição disse que o conteúdo não foi verificado antes da publicação e que a filial está tomando medidas para garantir que as postagens sigam as políticas e valores “livres de ódio” da Sociedade Muçulmana Americana.
Reações
O prefeito da Filadélfia, o democrata Jim Kenney, disse, em um comunicado, que “condena o fanatismo em todas as suas formas".
A Liga Antidifamação, ONG judaica, classificou o vídeo como "extremamente perturbador" e salientou que as crianças não devem ser doutrinadas para odiar. “Esses jovens nunca deveriam ter sido convidados a fazer discursos, dançar e fazer sincronia com músicas que glorificam a violência contra os judeus e o Estado de Israel. O conflito entre israelenses e palestinos é profundamente complexo e doloroso em todos os lados, e a única chance para um futuro pacífico é ensinar nossos filhos a buscar a paz”, diz o comunicado da Liga Antidifamação na Filadélfia.
Uma comissão de vereadores da cidade informou que vai investigar o caso.