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O índice de pobreza na Argentina caiu este ano na comparação com 2020, mas ainda é superior ao registrado no pré-pandemia. O dado consta de relatório divulgado esta semana pelo Observatório da Dívida Social Argentina, da Universidade Católica Argentina (UCA), que apontou que 65% das crianças e adolescentes do país estão na faixa da pobreza.
De acordo com o estudo, 43,8% da população argentina urbana é pobre, enquanto no ano passado o índice foi de 44,7%. Em 2019, o patamar estava em 39,8%, e em 2010, em 31,8%.
Quando é feito o recorte por faixa etária, a população de zero a 17 anos apresenta a maior taxa de pobreza, com 64,9% das crianças e dos adolescentes argentinos nessa condição, índice superior aos de 2020 (64,6%) e de 2019 (58,3%). Em 2010, menos da metade (49,5%) da população argentina nessa faixa etária vivia na pobreza.
O relatório conclui que os programas sociais de transferência de renda e assistência alimentar direta (a cobertura passou de 43,8% para 55,4% da população entre 2019 e 2020, mas caiu para 44,7% desde o ano passado) não foram suficientes para compensar a deterioração da renda familiar durante a pandemia.
“A recuperação da economia produziu aumento na demanda por emprego, mas houve queda na renda real”, apontou o observatório.
“O aumento do investimento público e a maior demanda por mão de obra nos setores informais conseguiram estabilizar os níveis de pobreza e reduzir a indigência. Apesar das melhorias na infraestrutura social, desigualdades estruturais evidenciadas no aumento das deficiências não monetárias têm aumentado. Não é a falta de políticas públicas que explica este empobrecimento, mas sim a economia fraca entre os mais pobres, que anula esse mesmo investimento”, acrescentaram os pesquisadores, que destacaram que a recuperação da economia argentina, combalida “há tempos”, depende de uma solução “político-institucional”.
“A sustentabilidade da recuperação econômica (no mês passado, o governo estimou que a economia da Argentina crescerá 9% em 2021) depende de múltiplos fatores imponderáveis. Não há muito o que comemorar e não adianta culpar a pandemia ou governos anteriores”, ressaltaram.