A exploração sexual de meninas prevalece em campos de refugiados e comunidades devastadas pela guerra na Libéria, ameaçando a recuperação do país depois de quase duas décadas de conflito, disse um relatório nesta segunda-feira.
O organização Save the Children, da Grã-Bretanha, afirmou que um número alarmante de meninas, a partir de 8 anos, estão fazendo sexo com homens mais velhos em troca de dinheiro, comida ou favores como passear de carro e assistir a filmes. Segundo a entidade, policiais, professores e até profissionais de ajuda humanitária e das Nações Unidas estão abusando das crianças.
"Há um número significante de fatores que indicam que as comunidades estão ficando cada vez mais resignadas ao fato de que sexo em troca de bens e serviços é uma outra forma de sobrevivência", disse a Save the Children no relatório de 20 páginas.
Vários membros das forças de paz da ONU foram acusados de estupro, mas nenhum foi levado a julgamento na Libéria.
As forças das Nações Unidas no país afirmaram em um comunicado que oito casos de exploração sexual e abuso envolvendo seus funcionários foram relatados desde o início do ano. Um destes foi confirmado e o membro da equipe, suspenso.
A Save the Children convocou o novo governo da Líbéria, as agências da ONU e doadores a criar um órgão de fiscalização para assegurar que os casos de exploração sexual contra crianças sejam investigados e promover uma política de tolerância zero. A Libéria foi arrasada por uma guerra civil entre 1989 e 2003, que causou cerca de 250 mil mortes num país cuja população é de três milhões de habitantes. Aproximadamente 1,3 milhão de pessoas foram forçadas a sair de suas casas.
No ano passado, a economista Ellen Johnson-Sirleaf foi eleita presidente, e seu governo enfrenta o desafio de reconstruir uma economia e uma sociedade destruídas pela guerra.