Gilberto Ramos queria sair de sua fria vila nas montanhas e ir para os Estados Unidos para ganhar dinheiro e tratar da epilepsia da mãe. Ela implorou para que ele não fosse. "O melhor tratamento teria sido se ele tivesse ficado", disse Cipriana Juárez Díaz, chorando. Como ele não cedeu, a mãe colocou em seu pescoço um rosário branco, para que passasse pela fronteira com segurança.
Um mês depois, em 15 de junho, seu corpo em decomposição foi encontrado num deserto do Texas. E o menino se transformou num símbolo dos perigos enfrentados por várias crianças, parte de um recente fluxo de jovens desacompanhados provenientes da América Central que estão entrando ilegalmente nos Estados Unidos.
O menino de 15 anos estava sem camisa quando foi encontrado e provavelmente sofreu uma insolação, mas ainda usava o rosário dado pela mãe. Gilberto e seu pai, Francisco Ramos, empregavam-se na colheita e limpeza de milho. As coisas melhoraram quando o filho mais velho, Esbin Ramos, chegou a Chicago e começou a trabalhar num restaurante. Ele envia entre US$ 100 e US$ 120 por mês quando a situação permite, o que possibilitou à família construir uma casa de dois cômodos com blocos de cimento.
O irmão mais velho sugeriu que Gilberto também fosse para Chicago, onde ele poderia voltar para a escola e trabalhar durante a noite e nos finais de semana. Então, Gilberto e o coiote desapareceram. Seus pais tentavam telefonar para o coiote. Os dias se passaram e nada. No oitavo dia, Esbin estava preocupado e ligou para o consulado da Guatemala em Houston e pediu ajuda. Foi quando ele recebeu uma ligação de uma mulher que ele não conhecia, dizendo que seu irmão estava morto.
"O coiote me disse que iria levá-lo para um lugar seguro e eu acreditei nele", afirmou Francisco Ramos. "Mas este foi o destino do meu filho."