Segurando seus livros próximos ao corpo, Abdo al-Fikri, de 12 anos, entrou animado em uma sala de aula em Madaya, vilarejo no norte da Síria, controlado pela oposição. O irmão e a irmã do menino estavam atrás dele.
Os três voltaram à escola após um ano sem aulas. A região tem sofrido com constantes batalhas entre forças de oposição e as tropas do governo de Bashar Assad. Assim como quase tudo em Madaya, a escola foi obrigada a fechar as portas devido à violência.
Apesar do constante risco de um bombardeio, Abdo e outros 200 alunos voltaram às aulas no vilarejo buscando desesperadamente alguma normalidade em tempos de guerra. "Vamos para a aula com medo", diz o menino. "Eles nos cobrem de foguetes, aviões e mísseis."
No início das aulas na escola de Madaya, as crianças aprenderam a contar até dez em inglês. Para muitas delas, somente o fato de estarem de volta na sala de aula é um lembrete de como era a vida antes da guerra.
Dever
Depois da aula, Abdo volta para casa, onde seu pai, Ahmed al-Fikri, ajuda-o com o dever de casa. Um rifle AK-47 enfeita a parede ao lado de onde eles jantam, uma vez que Ahmed é membro da oposição. "Nossa vida se tornou tão difícil que não temos nada para dar às nossas crianças. Quando precisamos comprar uma caneta ou encontrar livros e outros materiais, não conseguimos nada nas lojas", conta.
Ahmed disse que seu filho pode acabar tendo de deixar a escola para lutar contra Assad se a guerra continuar. Segundo ele, isso será um dever moral e religioso. Mas Abdo diz que não quer lutar. Ele prefere correr para jogar futebol com os primos nas ruas empoeiradas de Madaya, agarrando-se ao que sobrou de sua infância.