Bairro de Alfama em Lisboa: crise tem afastado trabalhadores dos restaurantes| Foto: Rafael Marchante/Reuters

Os cortes de salários e as altas de impostos em Portugal popularizaram a marmita no trabalho e os menus baratos nos restaurantes, com refeições a menos de quatro euros cada uma e batizadas ironicamente de "Troika" e "Merkel".

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Limitados pela severa carga de impostos e ainda à espera de novos cortes, os portugueses buscam economizar e começam a recuperar a figura da marmita em seus locais de trabalho, enquanto os donos de restaurante se ajustam à atual época de "vacas magras".

Durante o ano passado, 40% dos portugueses optaram por levar aos escritórios a comida preparada em casa, uma porcentagem que em 2009 era de 27%, segundo dados da empresa de consultoria Kantar Worldpanel.

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O aumento do tempo passado em casa para evitar gastos, a diminuição da renda e a alta dos preços são os fatores que explicam essa tendência, indicou Calveira, diretor de marketing dessa empresa de consultoria.

Em Portugal, um dos países europeus com mais bares e cafeterias por número de habitantes, esse "deslocamento do consumo alimentício" representou uma redução de 30% no lucro dos restaurantes.

Para tentar recuperar os clientes perdidos, esses estabelecimentos oferecem alternativas mais econômicas e, em alguns casos, irônicas, como os pratos "Merkel", "Troika" e "FMI", que oferecem uma suculenta refeição a partir de 3,95 euros.

Cardápio

Levar esses pratos de baixo custo diretamente aos escritórios é outra das iniciativas mais acolhidas por aqueles que resistem às marmitas. "Começamos em dezembro a distribuir 20 pedidos e agora já servimos diariamente mais de 300", explicou Luis Soares, gerente do estabelecimento Dotes Fantásticos, em Lisboa.

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Toda manhã, seus clientes recebem um e-mail com uma média de sete pratos, disponíveis a um preço de 3 euros por prato, além de sopas e sobremesas por menos de 1 euro.

População se afasta dos restaurantes e gasta mais no supermercado

Para muitos consumidores, mesmo os baixos preços das refeições superam a despesa que eles têm ao levar a comida de casa para o trabalho. Motivo que, segundo a empresa de consultoria Kantar, explicaria o aumento do gasto médio anual por português no supermercado, que passou de 1.700 euros, em 2010, para 1.835 euros, no ano passado.

Vantagens

"Gasta-se mais que o dobro para que tragam a comida a você", avalia Paula Pereira, um dos trabalhadores que levam marmita para o trabalho e que reconhece ter reduzido o número de refeições em restaurantes desde o início da crise.

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Além da economia, Paula, que trabalha em um edifício de escritórios no centro de Lisboa, assinala outras vantagens da marmita, como saber exatamente o que se come e poder elaborar um menu equilibrado para toda a semana.

Na internet

Os sites portugueses não são alheios à tendência, e em blogs como "A marmita lisboeta", além de coletar receitas variadas e adequadas para essa opção, os "marmiteiros" trocam experiências e recomendam os melhores e mais estilosos recipientes.

"Porque o hábito de levar o almoço para o trabalho estará definitivamente na moda e não há uma marmita igual à outra, cada uma com um estilo", diz a apresentação desse blog.