O Reino Unido enfrenta uma crise de combustíveis que deixou postos nas grandes cidades desabastecidos e incitou o governo a deixar os militares de prontidão para transportar o produto caso o problema se agrave.
A redução de caminhoneiros que ocorreu após o Brexit foi agravada pela suspensão de testes de carteira de motorista durante as restrições da pandemia de Covid-19, impactando toda a cadeia de abastecimento, segundo a Reuters.
O ministro de transportes do país pediu nesta terça-feira que os motoristas deixem de ir aos postos para encher garrafas com combustíveis, enquanto muitos britânicos, com medo de ficar sem combustível, têm formado filas em postos ou dirigido por horas para encontrar um local para abastecer seus tanques.
Dezenas de postos colocaram avisos dizendo que estão sem gasolina ou diesel, relata a imprensa local. Mais de dois terços dos postos de gasolina britânicos esgotaram os seus estoques de combustíveis na segunda-feira, no quarto dia da crise.
O governo do Reino Unido ordenou a motoristas de caminhões das Forças Armadas que estejam prontos para transportar combustíveis a postos caso a crise causada pela falta do produto à população se agrave.
Os motoristas militares - que serão submetidos a um treinamento de emergência - transportarão gasolina a postos "onde ela é mais necessária e para dar maior garantia de que o abastecimento de combustível permaneça robusto", informou o governo em comunicado.
O ministro de Negócios, Energia e Estratégia Industrial, Kwasi Kwarteng, fez a exigência às Forças Armadas britânicas horas após o governo dizer que "não pretendia" usar, "por enquanto", os militares para aliviar a falta de transportadores no setor.
"Se necessário, o uso de pessoal militar proporcionará à cadeia de abastecimento capacidade adicional como medida temporária para ajudar a aliviar as pressões causadas por picos localizados na demanda de combustível", disse Kwarteng no comunicado do governo.
Segundo o jornal "The Times", o primeiro-ministro Boris Johnson já emitiu uma ordem formal para que sejam treinados 150 militares para transportar gasolina, 80 dos quais devem estar prontos para a ação antes do final desta semana.
Enquanto isso, o preço médio de um litro de gasolina aumentou para 1,366 libras no domingo, o valor mais alto desde setembro de 2013, de acordo com o grupo RAC, de serviços automotivos. O grupo afirmou ainda que um pequeno número de revendedores está aproveitando a situação para aumentar os preços.
A crise afeta também o sistema de saúde britânico. Um dos maiores hospitais de Londres, o University College Hospital, precisou adiar as consultas de vários pacientes em tratamento contra câncer, devido à crise de abastecimento de combustíveis, noticiou o jornal britânico The Guardian. As consultas de pacientes que seriam transportados pelo serviço de transporte não emergencial do hospital tiveram que ser remarcadas, em um momento em que o atendimento a esses pacientes já sofre o impacto causado pela pandemia de Covid-19.
A Associação Médica Britânica alertou nesta terça-feira que os profissionais de saúde não podem "passar duas ou três horas esperando para encher os tanques" e pedem ao governo que garanta o acesso aos trabalhadores considerados essenciais. O vice-presidente da Associação, David Wrigley, disse hoje em entrevista à Times Radio que os trabalhadores da saúde "entram em seus carros nervosos, olhando o indicador de gasolina, e se perguntando se terão o suficiente para cumprir a sua jornada de trabalho".
Empresas preveem volta à normalidade nos próximos dias
As principais petrolíferas que atuam no Reino Unido previram, na segunda-feira, que a demanda de combustível no país deve voltar ao normal nos próximos dias, após aumentar o receio de escassez devido ao fechamento de alguns postos de gasolina por falta de frete.
Em comunicado conjunto, empresas como BP, Shell e Esso declararam que, como "agora muitos carros estão com mais gasolina que o normal", a demanda foi alterada, mas "deverá voltar ao normal em breve". Isso, segundo as companhias, "aliviará a pressão" nos postos.
"Convocamos todos a comprarem o combustível que normalmente comprariam", pediram as petrolíferas, que também pediram à população para não ceder ao pânico que tem causado longas filas em muitos postos nos últimos dias.
Na nota, as empresas destacaram que há muito combustível nas refinarias e terminais no Reino Unido e que elas estão trabalhando com o governo para garantir o transporte.
Desde a última quinta-feira, quando a BP anunciou que estava fechando alguns de seus postos porque não tinha como transportar o combustível, postos de todo o Reino Unido passaram a registrar longas filas para abastecimento.
O secretário de Estado de Meio Ambiente do Reino Unido, George Eustice, disse hoje à rede de televisão "BBC" que o mais importante é que as pessoas comprem gasolina como normalmente fariam. "Não há falta. Tem havido alguma escassez de transportadores que levam combustível, mas bastante pontual", garantiu.
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