Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, voltaram a conversar nesta quinta-feira (30) sobre a crise da concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia.
No telefonema, realizado a pedido de Moscou, o chefe de Estado americano voltou a ameaçar a Rússia com novas sanções em caso de uma invasão, enquanto o líder russo respondeu que tais medidas poderiam levar a uma ruptura completa dos laços entre os dois países.
“O presidente Biden exortou a Rússia a diminuir as tensões com a Ucrânia. Ele deixou claro que os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de forma decisiva se a Rússia invadir ainda mais a Ucrânia”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, em comunicado divulgado após o encontro.
“O presidente Biden também expressou apoio à diplomacia, começando no início do próximo ano com o Diálogo de Estabilidade Estratégica bilateral, na Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] por meio do Conselho Otan-Rússia e na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa. O presidente Biden reiterou que o progresso substantivo nesses diálogos pode ocorrer apenas em um ambiente de desaceleração [das ações militares], e não de escalada”, acrescentou Psaki.
Yuri Ushakov, assessor de relações exteriores de Putin, afirmou que Biden ameaçou novamente impor sanções e que Putin respondeu com um aviso de que tais medidas poderiam levar a uma ruptura completa de laços diplomáticos.
“Seria um erro colossal, com graves consequências”, disse Ushakov, de acordo com informações da Associated Press. Ainda segundo o assessor, Putin disse a Biden que a Rússia vai atuar da mesma forma como os Estados Unidos agiriam se armas ofensivas fossem implantadas perto das fronteiras americanas.
O telefonema durou cerca de 50 minutos. Biden falou de sua casa em Wilmington, no estado de Delaware.
A conversa ocorreu horas após a Força Aérea dos Estados Unidos realizar voo sobre o leste da Ucrânia para coletar informações sobre a situação militar na fronteira com a Rússia, o segundo nesta semana, de acordo com informações da CNN.
Foi a segunda conversa entre os dois presidentes sobre a Ucrânia em menos de um mês – no último dia 7, eles realizaram uma videoconferência, na qual Biden prometeu “fortes medidas econômicas” e reforço no apoio aos ucranianos e a aliados da Otan caso a escalada militar russa na região prosseguisse. O presidente americano, entretanto, descartou uma atuação militar direta dos Estados Unidos.
No dia seguinte, Putin afirmou que considerava “provocativa” a suposição de um possível ataque russo à Ucrânia e alegou que Moscou visa apenas a autodefesa. A Ucrânia estima que mais de 90 mil soldados russos já estão concentrados na fronteira e teme uma invasão nos moldes da anexação da Crimeia e dos movimentos separatistas na região de Donbass, ambos em 2014.
No dia 17, a Rússia divulgou um rascunho de um acordo que pretende negociar com os americanos, que inclui exigências como veto a uma possível entrada da Ucrânia na Otan e a devolução aos territórios dos Estados Unidos e russo de armas nucleares já implantadas em outros países, o que significaria a remoção dos armamentos que Washington armazena na Europa. Os Estados Unidos consideram essas condições inaceitáveis.
Diplomatas americanos e russos farão uma reunião sobre a crise na Ucrânia em Genebra, na Suíça, no próximo dia 10. No dia 12, haverá um debate Rússia-Otan e no dia 13, uma conferência envolvendo Moscou, Washington e líderes de outros países europeus.