O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, se retirou nesta sexta-feira das conversações com os líderes do governo de facto, fazendo com que os esforços para resolver uma crise política que se arrasta há meses voltassem ao ponto inicial.

CARREGANDO :)

Zelaya tirou seus representantes das reuniões com os enviados do líder de facto do país, Roberto Micheletti, que eram as mais recentes de uma série de tentativas para resolver o impasse político desencadeado por um golpe militar em 28 de junho.

"Por ora, vemos esta etapa como encerrada", disse Mayra Mejia, enviada de Zelaya, durante a madrugada, no hotel onde os dois lados vinham negociando havia três semanas,

Publicidade

Todas as tentativas de alcançar um acordo esbarraram na questão sobre o retorno de Zelaya ao poder para cumprir os últimos meses de seu mandato, que termina em janeiro.

O presidente, um magnata do setor madeireiro e que segue uma linha política de esquerda, disse que a recusa de Micheletti de reconduzi-lo ao poder vai tirar a legitimidade da eleição presidencial, marcada para 29 de novembro, e isolar ainda mais o governo de facto.

"Todos os países, sem exceção, condenaram o golpe e se recusaram a reconhecer esse processo eleitoral, que será repleto de irregularidades e de fraude", afirmou Zelaya à rádio local.

A equipe de negociação de Micheletti disse que o líder de fato renunciaria se Zelaya concordasse em fazer o mesmo, abrindo caminho para um governo de coalizão - praticamente a mesma proposta feita nas primeiras semanas depois do golpe de junho.

A negociadora Vilma Morales, do campo de Micheletti, disse que a retirada de Zelaya das conversações foi uma grande surpresa, mas eles ainda estão abertos ao diálogo.

Publicidade

A tensão é elevada no país desde que Zelaya retornou escondido no mês passado e se refugiou na embaixada do Brasil.

Micheletti alega que o presidente foi deposto legalmente por ter violado a Constituição com a intenção de estender o mandato presidencial e por isso não pode retornar ao cargo. Ele foi nomeado presidente pelo Congresso depois que os soldados retiraram à força Zelaya de sua casa e o mandaram para o exílio.

Zelaya nega ter tomado medidas inconstitucionais e reclama do modo como vem sendo tratado desde que se refugiou na embaixada, já que tropas hondurenhas se mantêm do lado de fora com ordens de prendê-lo se sair. Além disso, o Exército bombardeia a embaixada com gravações em alto volume de músicas de bandas militares e outros ruídos.

O impasse em Honduras representa um desafio para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que prometera melhorar as relações com a América Latina. O governo norte-americano suspendeu esta semana os vistos de altas autoridades do governo de facto como forma de pressão para uma solução.

Publicidade