Paris (Das Agências internacionais) A Rússia retomou ontem o fornecimento de gás à Europa, dois dias depois de cortes à Ucrânia terem afetado o abastecimento nos países que mais dependem do combustível russo. Moscou quer reajustar preços e a Ucrânia não aceita. Agora, as negociações devem ser retomadas, com as bombas abertas. A crise do gás, no entanto, foi mais longe. Demonstrou que o presidente russo, Vladimir Putin, não mediu as conseqüências do corte, ou pouco se importa com o sofrimento dos consumidores. O corte de gás ocorreu em pleno inverno. Ao mesmo tempo em que diz que ficará triste se os europeus passarem frio, ele deixa claro que o gás russo é uma arma econômica e política poderosa.
A Europa se reúne hoje em Bruxelas para discutir o assunto. O clima é de hesitação, pela dificuldade em se estabelecer alguma medida imediata contra a Rússia. De antemão, a União Européia disse que não vai intermediar a crise entre Ucrânia e Rússia.
Aos ucranianos, os principais afetados, resta protestar. Enquanto correm atrás de aquecedores elétricos, eles criticam Putin. "Por trás disso está o imperialismo renovado da Rússia. Eles acreditam que podem nos conquistar cortando o gás", acusou Valentyn Vasilyev, 32 anos, numa loja. Nas ruas de Kiev, cartazes demonstram a revolta: "Não compre produtos russos". Ou ainda: "Não dê dinheiro aos opressores russos".
Ontem, na Ucrânia, um bloco de oposição pró-Rússia leal ao primeiro presidente pró-soviético da Ucrânia, Leonid Kravchuk, exigiu a convocação de uma sessão extraordinária do Parlamento para se discutir a crise do gás e propôs a nomeação de um novo governo de transição até as eleições parlamentares de março.
A estatal russa Gazprom retomou ainda ontem as negociações com a Moldávia e a Ucrânia sobre tarifas de gás. Mesmo que os países se entendam sobre os preços do gás, uma questão deve se prolongar. A Rússia acusou a Ucrânia de roubar 100 milhões de metros cúbicos na segunda-feira. Kiev desmente a informação. O gás russo chega à Europa através de gasodutos que passam pela Ucrânia, que teria se apropriado ilegalmente do produto para evitar escassez.
As nações que dependem fortemente do suprimento, incluindo Áustria, Hungria e Eslováquia, confirmaram que o abastecimento voltou ao normal. As reduções registradas ficaram foram de 18% a 40% no suprimento para o oeste europeu. A Gazprom quer cobrar da Ucrânia US$ 230 por mil metros cúbicos de gás e US$ 160 da Moldávia. Atualmente esses países pagam US$ 50 e US$ 80, respectivamente.
A disputa entre Rússia e Ucrânia eleva os riscos do mercado de combustíveis. Os preços do petróleo continuavam numa tendência de alta ontem à tarde. Segundo analistas, a interrupção mesmo que parcial de uma importante fonte de gás para a Europa ocidental teve um impacto psicológico negativo. Desde o final de 2005, o preço do petróleo subiu cerca de 5%.
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