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Soldados alemães patrulham área urbana no norte do Afeganistão: dois terços da população da Alemanha não acreditam em missão pacífica | Fabrizio Bensch/Reuters
Soldados alemães patrulham área urbana no norte do Afeganistão: dois terços da população da Alemanha não acreditam em missão pacífica| Foto: Fabrizio Bensch/Reuters

Morte de Mehsud enfrquece luta do Taleban na região

As autoridades paquistanesas ainda aguardam o resultado de um teste de DNA para confirmar aquela que pode ser a maior vitória da administração Obama na luta contra o terrorismo: a morte do líder do Taleban no Paquistão, Baitullah Mehsud.

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Atentado suicida mata sete civis

Pelo menos sete civis morreram sexta-feira no atentado suicida promovido pelo Taleban, em Cabul, na frente do quartel-general da Isaf (Força de Segurança e Assistência Internacional), onde estão concentradas as forças aliadas dos Estados Unidos. Mais de 90 pessoas ficaram feridas.

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  • Confira que os EUA dependem de 41 países que integram a operação contra os talebans

Enquanto os EUA promovem o aumento de tropas para combater os talebans do Afeganistão – aliados dos terroristas da organização responsável pelo 11 de Setembro de 2001 e pe­­lo atentado ao metrô de Madri de 2004, a Al Qaeda – a Europa tenta se desvencilhar da batata quente.

Como formadores da Otan, os países europeus respondem por cerca da metade dos homens que integram a Força de Assistência para a Se­­gu­­rança (Isaf) no Afega­­nistão. O contexto agora é desfavorável para a retirada de tropas, com a intensificação da violência – um atentado suicida do Taleban matou civis na sexta-feira, em Ca­­bul – e a proximidade da tensa eleição presidencial de 20 de agosto. Mas a recessão econômica fala mais alto e serve de argumento para as vozes que pedem a redução das tropas enviadas para contribuir com a invasão iniciada pelos EUA em 2001.

"A crise internacional agravou as dificuldades de todos os Estados, principalmente dos desenvolvidos, que tinham diversos investimentos em subprime (créditos de risco). E a necessidade de corte de custos obriga di­­versos deles a acelerar a retirada de tropas", diz o professor de Relações Interna­cionais da Universidade Católica de Brasília, Juliano Cor­­tinhas.

O argumento financeiro vem bem a calhar aos partidos que pleiteiam a retirada. "Os europeus têm consciência de que a saída da guerra é menos política e mais econômica", explica a professora de geopolítica do Curso Positivo, Lu­­ciana Worms.

No Reino Unido, uma pesquisa publicada pelo jornal inglês The Independent revelou que 52% dos britânicos querem a saída imediata das tropas. Para 58%, será im­­pos­­sível ganhar a guerra contra os talebans.

O ministro das Relações Exte­­rio­­res do Reino Unido, David Mi­­li­­­­band, propõe que a estratégia adotada até agora pelas forças con­­juntas da Otan seja revista pa­­ra aliar diplomacia e estímulo do desenvolvimento à ação militar – na qual, só em julho, morreram 20 britânicos.

Na Alemanha – que, teoricamente, comporia uma força de paz, mas, na prática, enfrenta os talebans –, a veiculação de vídeos de ameaça terrorista aquece o já acalorado debate sobre a retirada das tropas. Em campanha para as eleições federais de 27 de se­­tembro, partidos de oposição utilizam o tema, enfatizando a opinião de dois terços da população, que não acreditam na manutenção do projeto original de participação pacífica.

Na Itália, que tem a sexta maior força na operação "Enduring Free­­dom" ("liberdade duradoura"), com quase 2.800 homens, a pressão pela retirada das tropas nacionais do país dos talebans passa pe­­la oposição entre partidos de centro-esquerda e aqueles de ex­­trema di­­reita, mais conhecido pela posição crítica à imigração. O ministro sem pasta Roberto Cal­­deroli, que integra a xenófoba Le­­ga Nord, pressionou na semana passada pela saída das tropas. O pedido foi refutado pelo ministro de Re­­lações Exterio­res, Franco Frattini: "Estamos trabalhando pe­­­­la segurança da Itália, inclusive aquela de Calderoli. Va­mos ficar", disse.

Mesmo em países europeus com pouca representação na guerra a discussão é acalorada. Portu­­gal, com 90 homens combatendo no Afeganistão no momento, en­­viou mais 40 neste mês sob críticas nacionais. O pesquisador e coronel David Martelo, por exemplo, afirmou ao Jornal de Notícias que "aqui­­lo que leva Portugal ao Afe­­ganistão é tão ‘ilógico’ como os impostos dos alemães e dos holandeses servirem para construir au­­toestradas lusas. No fundo, temos de mostrar solidariedade com eles. Se Portugal não se alinhasse nestas missões, a opinião pública desses países co­­meçaria a questionar por que têm de contribuir para o nosso bem-es­tar. Ou queremos ser sócios desses clubes e pagamos a quota, ou en­­tão deixamos de ter direito às suas be­­nesses". O militar se refere às van­­tagens trazidas pela adesão de Por­­tugal à União Europeia, em 1986.

Ameaça

Apesar das críticas, se depender do líder da operação, o comandante em chefe Barack Obama, ninguém arreda o pé. "A missão no Afega­­nistão é uma daquelas em que os europeus têm tanto em jogo como nós, ou mesmo mais", declarou à Sky News, nas proximidades de Acra, capital de Gana, há duas se­­manas. E isso por uma razão muito palpável: "A hipótese de um ataque terrorista em Lon­­dres é tão provável, senão mesmo mais, quanto a de um ataque nos EUA", disse Obama.

O representante dos EUA na Otan, Ivo Daalder, faz coro ao chefe e pede que a Europa desembolse homens e fundos para a operação. "O reforço de tropas enviado para as eleições deve permanecer lá", disse.

"O argumento de Obama é que existe grande possibilidade de Osama Bin Laden ainda estar por lá", diz a professora Luciana Worms, lembrando da promessa de capturar o mentor do ataque às Torres Gêmeas.

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