Mediador Lehrer questionou os candidatos John McCain e Barack Obama sobre qual o comportamento deles com relação a atual crise financeira| Foto: Jim Bourg / Reuters

Veja imagens do primeiro debate entre os candidatos John McCain e Barack Obama

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Mais da metade dos 90 minutos destinados a discutir a política externa norte-americana no primeiro debate entre os candidatos à Presidência dos Estados Unidos foi usada para tratar da atual crise econômica que assola os país. Desde o princípio do encontro que acabou tomando 97 minutos, o mediador do encontro, o jornalista Jim Lehrer, questionou Barack Obama e John McCain sobre qual seria o comportamento deles em relação aos problemas econômicos, se eles estivessem na Presidência.

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Foi somente depois de 50 minutos de discussão sobre questões financeiras que a primeira pergunta sobre relações internacionais apareceu. Com o tempo de meio debate, Barack Obama e John McCain ainda conseguiram discutir temas como a relação dos EUA com o Iraque, o Irã, a Rússia, o Afeganistão, e até temas que têm relação com o Brasil.

Os dois candidatos evitaram confrontos diretos e violentos durante o debate, e acabaram discutindo pouco, por mais que a fórmula do encontro permitisse que eles se dirigissem diretamente um ao outro.

Se é verdade que a forma dos discursos é mais importante de que o conteúdo dos dois candidatos, como disse o pesquisador Alan Schroeder em entrevista ao G1, o senador republicano em muitos momentos pareceu mais seguro de que Obama. O democrata pareceu nervoso, e chegou a gaguejar na tentativa de negar algumas das acusações de McCain, que falou de forma mais pausada tranqüila. Obama chegou a repetir algumas vezes que o que McCain havia dito "não era verdade".

Economia

Os dois candidatos seguiram uma mesma linha de raciocínio em relação à necessidade de ação enérgica e imediata para controlar a atual crise financeira. Ambos disseram ser importante apoiar o pacote do atual governo, mas discordaram em relação à forma do pacote.

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O foco de todas as propostas de McCain em relação à economia foi o corte de gastos governamentais. O republicano acusou Obama de querer aumentar os gastos, e disse que Washington está "fora de controle".

Obama assumiu uma postura crítica e disse que todos os atuais problemas foram causados pelo governo Bush, que acusou McCain de apoiar. Ele evitou dizer de que prioridades abriria mão por conta da crise econômica, mas falou em corte de impostos para as classes médias e em reforçar as bases da economia popular.

Política externa

Depois de metade do debate, os dois candidatos começaram a discutir a política externa, que deveria ter sido o tema central do encontro. Era esperado que John McCain tivesse muito mais facilidade no assunto, mas viu-se um equilíbrio entre os dois candidatos, permitindo um ou outro momento de discordância mais forte.

O republicano tentou mostrar sua experiência repetindo várias vezes que havia viajado aos países-chave da discussão. Ao mesmo tempo, tentou mostrar inexperiência de Obama, a quem chamou de ingênuo por algumas posições, incluindo a idéia de se reunir com líderes de países como o Irã. McCain, inclusive, finalizou o debate dizendo que Obama não está preparado para ser presidente.

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Obama, por sua vez, respondeu à acusação dizendo que não pretendia convidar líderes como Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, por exemplo, "para um chá", mas que achava importante abrir o diálogo. Segundo ele, a política externa do governo Bush é responsável pela deterioração da imagem dos Estados Unidos no mundo, o que aumenta o risco de ataques contra o país.

Os dois candidatos disseram considerar o Irã uma ameaça, e concordaram com a preocupação em relação ao comportamento da Rússia. Eles voltaram a discutir a invasão do Iraque, com Obama dizendo ter sido contra desde o princípio e McCain se dizendo mais preparado para contornar a situação.

Ao tratar do Afeganistão, a preocupação acabou passando para o vizinho Paquistão, com Obama assumindo uma postura surpreendentemente mais violenta de que a do republicano, chegando a ameaçar militarmente o país, caso ele não coopere. McCain tentou parecer menos intervencionista, e disse que não ameaçaria o país, mas tentaria se aproximar do povo paquistanês.

Brasil

Por mais que o Brasil não tenha sido citado por nenhum dos dois candidatos, ao tratarem de temas econômicos relacionados à crise, os dois abordaram a questão energética e a produção de biocombustíveis. O assunto está entre os mais importantes da relação comercial dos dois países.

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Segundo Barack Obama, o país precisa ter independência energética. "Precisamos investir em energias alternativas, como o biodiesel. Precisamos melhorar o sistema de saúde público", disse. Em resposta, McCain também falou da importância de fontes alternativas de energia. "Eu me oponho a subsídios ao etanol, por exemplo", disse, entranto diretamente numa questão que interessa ao Brasil.