A pequena ilha de Lampedusa tem recebido nos últimos meses um número recorde de imigrantes ilegais, a maioria deles africanos, que veem a ilha como sua única oportunidade de entrar na Europa| Foto: EFE/Gonzalo Sánchez
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitou neste domingo (17) a ilha de Lampedusa, a convite do governo italiano, após uma grave crise na região, provocada pela chegada de mais de 10 mil pessoas em apenas três dias.

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Diante da situação, a União Europeia apresentou um plano emergencial para ajudar a Itália a administrar a migração recorde, que depende do apoio dos Países-Membros e aliados do bloco que fazem fronteira com o país atingido pela crise.

O plano de ajuda prevê a distribuição dos solicitantes de asilo entre os países europeus, que integram o bloco, e medidas de prevenção a novos episódios, que pressionam os sistemas logístico e administrativo italianos.

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"Pedimos aos demais Estados-membros (da União Europeia) que utilizem o mecanismo de solidariedade voluntária", afirmou Leyen, destacando que "a migração irregular é um desafio europeu que necessita de uma resposta conjunta".

A líder europeia disse ainda que conta com a parceria de países vizinhos que funcionam como porta de entrada para a imigração e facilitam a ação de criminosos em rotas ilegais. “Nós decidiremos quem vem para a União Europeia e em que circunstâncias. Não os contrabandistas”, disse Von der Leyen após visitar a ilha.

Reação da Itália

O governo da Itália anunciou nesta segunda-feira (18) a abertura de novos centros de repatriação de migrantes ilegais e a ampliação do tempo de detenção para 18 meses, em meio à crise provocada pela chegada à ilha de Lampedusa.

O Conselho de Ministros da primeira-ministra, Giorgia Meloni, está se reunindo para aprovar um decreto-lei que encarrega o Ministério da Defesa de construir "o mais rápido possível" os chamados CPRs, centros onde os migrantes ilegais aguardam sua saída do país, disseram fontes do governo à Agência EFE.

A Itália possui instalações distribuídas entre Turim, Roma, Bari e Brindisi, mas a intenção é abrir ao menos uma em cada região italiana.

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Os novos CPRs serão instalados em localidades de "baixa densidade populacional que podem ser facilmente demarcadas e monitoradas", afirmou Meloni.

Além disso, o tempo em que os migrantes irregulares podem ficar detidos antes de serem expulsos será aumentado para 18 meses, período máximo permitido pela União Europeia (UE).

"Teremos todo o tempo necessário, não apenas para fazer as investigações necessárias, mas também para proceder com a repatriação daqueles que não têm direito à proteção internacional", disse a primeira-ministra na reunião.

No caso dos solicitantes de asilo, a legislação permanece inalterada e eles poderão permanecer no país por até 12 meses.

Meloni, que enfrenta a chegada de quase 130 mil imigrantes este ano à Itália, já havia anunciado na sexta-feira passada o aumento do tempo de detenção para migrantes irregulares.

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"Quero enviar uma mensagem clara àqueles que entram ilegalmente na Itália: não é aconselhável confiar em traficantes de pessoas, porque eles pedem muito dinheiro, colocam as pessoas em barcos que muitas vezes não estão preparados para essas viagens e, em qualquer caso, se alguém entrar ilegalmente no país, será expulso e repatriado", afirmou.

O governo italiano planeja aprovar novas medidas na próxima semana sobre menores migrantes desacompanhados.

O governo está tentando administrar a nova onda de migrantes em sua fronteira sul, especialmente na pequena ilha de Lampedusa, localizada de frente para o litoral da África.

Com os números mudando constantemente, 129.869 migrantes chegaram ao litoral italiano até agora neste ano, quase o dobro do número do mesmo período em 2022 (68.195) e três vezes mais do que em 2021 (43.265), de acordo com dados atualizados pelo Ministério do Interior.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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