A crise financeira global pode provocar uma onda de problemas mentais e suicídios, como consequência da expansão da pobreza e do desemprego, disse a Organização Mundial da Saúde na quinta-feira.
Distúrbios como a depressão e o transtorno bipolar já afetam centenas de milhões de pessoas no mundo, e o atual colapso financeiro pode agravar a sensação de desespero entre pessoas já suscetíveis a essas doenças.
A OMS disse que o impacto pode ser especialmente notável em países mais pobres, onde o acesso ao tratamento costuma ser limitado e onde vivem três quartos das vítimas.
"Não deveríamos nos surpreender nem subestimar a turbulência e as possíveis consequências da atual crise financeira. Conforme está, vemos uma enorme lacuna no atendimento a pessoas em grande necessidade", disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS, em um encontro de especialistas em saúde mental.
Outros fatores associados à pobreza, como a violência, a exclusão social e a "constante insegurança", também podem desencadear distúrbios psiquiátricos, segundo ela.
Benedetto Saraceno, diretor de saúde mental e abuso de substâncias da OMS, disse que os distúrbios psiquiátricos afetam um quarto da humanidade em algum momento da vida.
Doenças mentais e neurológicas costumam ser crônicas e impeditivas, segundo ele. Quase 1 milhão de adultos comete suicídio por ano, grande parte deles ainda como jovens adultos.
Sobre a crise financeira, Saraceno disse à Reuters que "a pobreza pode ser a consequência de tais fatos - as dívidas, o desespero e a sensação de perda que podem atingir as classes média e baixa". "Mesmo os pobres podem ser afetados por esta crise", lembrou ele, alertando para o impacto sobre "a estabilidade de comunidades e famílias".
A OMS lançou na quinta-feira - Dia Mundial da Saúde Mental - um programa destinado a ampliar recursos e serviços para doentes mentais nos próximos seis anos.
Nos países em desenvolvimento, mais de 75 por cento dos doentes mentais não recebem tratamento, e muitos são estigmatizados e sofrem abusos e negligência, de acordo com a OMS.
Em nível global, de acordo com a agência, a maioria dos países não gasta nem 2 por cento dos seus orçamentos nacionais de saúde com o tratamento de doenças mentais.
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