O prefeito da cidade de Nova York, Eric Adams| Foto: EFE/Sarah Yáñez-Richards
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Mais de 100 mil imigrantes chegaram à cidade de Nova York desde abril de 2022, em uma onda sem precedentes nos últimos anos, segundo os números apresentados nesta quarta-feira (16) pelo prefeito democrata da cidade, Eric Adams.

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"Até 13 de agosto, 101,2 mil solicitantes de asilo passaram pelo sistema de asilos de Nova York e, destes, 58,5 mil permanecem sob o cuidado da cidade", disse o prefeito, ao enfatizar a pressão que isto coloca em toda a rede de abrigos públicos, onde hoje - incluindo imigrantes e sem-teto - há 110,2 mil pessoas.

Adams insistiu que a cidade já não tem espaço para abrigar tantas pessoas.

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"Sinceramente, embora a nossa compaixão seja ilimitada, os nossos recursos não são e já não temos milagres", comentou.

Depois de, no ano passado, os abrigos da cidade terem ficado superlotados com a chegada de milhares de imigrantes e de nova-iorquinos sem-teto, Nova York teve de recorrer ao aluguel de hotéis e de outros locais para alojar essas pessoas. Ao todo, foram criados 200 centros de emergência, alguns dedicados exclusivamente a famílias com crianças.

"Estamos gratos pela ajuda que recebemos até agora dos nossos parceiros em Albany e Washington, mas o fato é que precisamos de mais", insistiu o democrata, que criticou a Casa Branca por não ter dado ouvidos ao seu apelo perante um problema que, segundo ele, "é nacional".

"Esta é uma crise nacional que exige soluções que vão além da nossa cidade, e a cidade não pode continuar a gerenciá-la em grande parte sozinha", reiterou Adams.

A cidade tem recebido entre 300 e 500 pessoas por dia, algumas diretamente da fronteira, depois de se entregarem às autoridades e pedirem asilo, para posteriormente serem transferidas pelo governador do Texas, Greg Abbott, e outras por conta própria, vindas de outros estados.

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Na semana passada, chegaram mais de 2,7 mil pessoas, disse Adams, que alertou para o fato de já terem sido gastos mais de US$ 1,7 bilhão na assistência aos migrantes, um valor que aumentará para mais de US$ 12 bilhões no final de três anos.

Impasse entre cidade e estado de Nova York

A crise humanitária provocada pela chegada dos migrantes colocou em lados opostos a governadora do estado de Nova York, a também democrata Kathy Hochul, e o prefeito da cidade de mesmo nome, Adams, o que ficou evidente em uma carta divulgada nesta quarta-feira.

No texto, o estado critica a forma como a gestão de Adams tem lidado com a crise, mencionando, entre outros exemplos, o fato de ter recusado inúmeras ofertas feitas pelo estado para alojar os migrantes. Acusa também a cidade de lentidão para responder à oferta.

"O estado identificou diversas propriedades estatais adicionais e locais não estatais que são opções viáveis para alojar migrantes, mas a cidade não aceitou essas ofertas", escreveu a advogada do estado, Faith E. Gay, no texto, para depois enumerar os locais aos quais se refere.

A carta de 12 páginas descreve especificamente o que o estado fez para ajudar a cidade e recorda que tem sido "um parceiro vital", fornecendo uma vasta gama de apoio, como a designação de profissionais, assistência técnica e mobilização de membros da Guarda Nacional para ajudar nos abrigos.

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Também é dito que o estado se coordenou com os condados para facilitar a recepção de migrantes em abrigos temporários e destinou US$ 1,5 bilhão do seu novo orçamento para 2024 para este fim.

O texto alega também que a cidade não deu prioridade à ajuda aos migrantes para completarem a sua documentação para obterem autorizações de trabalho. O prefeito e Hochul pediram ao governo federal para que agilizasse essa autorização, para que estas pessoas pudessem deixar a proteção da cidade.

"A cidade não fez pedidos oportunos de alterações regulamentares, nem sempre compartilhou prontamente as informações necessárias com o estado, não implementou programas de maneira oportuna e não consultou o estado antes de tomar certas medidas", afirma o estado.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]