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Famílias centro-americanas embarcam em um ônibus da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA para transporte para um centro de processamento de imigrantes após cruzarem a fronteira com o México em 13 de abril de 2021 em La Joya, Texas.
Famílias centro-americanas embarcam em um ônibus da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA para transporte para um centro de processamento de imigrantes após cruzarem a fronteira com o México em 13 de abril de 2021 em La Joya, Texas.| Foto: John Moore/Getty Images/AFP

A falta de um plano diante do aumento no fluxo de imigrantes na fronteira sul dos Estados Unidos está gerando grande descontentamento com a administração de Joe Biden por parte de ativistas de direitos humanos.

Se por um lado, o presidente democrata desfez várias políticas do antecessor Donald Trump, como o programa “Permanecer no México”, atraindo críticas de republicanos, Biden ainda usa práticas estabelecidas pelo ex-presidente.

Uma delas é a política implementada em março do ano passado, que permite aos agentes da fronteira expulsar do país imigrantes, famílias e menores desacompanhados devido à pandemia.

Segundo um levantamento do Los Angeles Times, por causa desta medida, menos de 1% dos imigrantes que chegaram à fronteira sul ilegalmente conseguiram pedir asilo em 2020.

Apesar de tê-la criticado quando era candidato, Biden continua usando essa política, conhecida como “Título 42”, para expulsar a maioria dos imigrantes que entra ilegalmente nos Estados Unidos pela fronteira com o México.

A administração democrata alega que é necessário mantê-la em vigor para limitar a propagação da Covid-19.

Além disso, muitas famílias e adultos foram enviados de volta para o México ao tentar entrar nos EUA mesmo quando Biden acabou o programa “Permanecer no México”, o qual estabelecia que o requerente de asilo deveria ficar no país vizinho enquanto o pedido de asilo tramitava nos tribunais de imigração americanos.

“Em muitos aspectos, é o 'Permanecer no México' com outro nome”, disse à publicação americana Axios Dylan Corbett, diretor do HOPE Border Institute, organização sem fins lucrativos de El Paso.

Por causa disso, grupos de defesa de migrantes, como o progressista Aclu (American Civil Liberties Union), estão pressionando o governo e prometem levar adiante um processo na justiça para acabar com o “Título 42” se a administração não fizer nada para mudar a situação.

Apesar disso, o número de imigrantes chegando aos Estados Unidos ilegalmente aumentou drasticamente desde a chegada de Biden ao poder.

No mês passado foram mais de 172 mil apreensões – cerca de 100 mil adultos, 18 mil menores desacompanhados, além de milhares de famílias.

Especialistas divergem quanto ao motivo deste crescimento da imigração.

Alguns citam que as promessas do democrata durante a campanha estimularam uma nova onda de imigração ao país, apesar da pandemia. Outros dizem que há uma demanda represada de imigrantes tentando entrar no país – repetidas vezes – por causa das restrições impostas pelo “Título 42”.

A situação das crianças desacompanhadas é a mais preocupante, devido ao drama de menores, muitas vezes de tenra idade, que percorrem milhares de quilômetros para chegar aos Estados Unidos.

Assim como os adultos, elas são apreendidas pelas patrulhas de fronteiras e levadas a centros provisórios do CBP. Foi em uma dessas unidades, em Donna, no Texas, que uma foto compartilhada por um deputado democrata chamou a atenção para as condições em que esses menores estão sendo acolhidos nos EUA, sem qualquer infraestrutura para atender crianças.

A lei americana prevê que elas sejam transferidas para abrigos administrados pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos em menos de 72 horas, mas essa determinação, devido à sobrecarga nas repartições, não está sendo cumprida. Com a superlotação desses locais, o governo federal está investindo em mais abrigos.

É preciso lembrar que, de março a novembro de 2020, a gestão republicana estava usando o Título 42 para recusar acolhimento a menores desacompanhados nos Estados Unidos.

Essa prática foi interrompida depois que um juiz federal ordenou que as autoridades de fronteira parassem de expulsar menores migrantes sem permitir que buscassem refúgio humanitário. Desde então o número de crianças desacompanhadas na fronteira aumentou, mas o maior avanço ocorreu em fevereiro e março.

Biden tenta conter o fluxo de imigrantes

O governo anunciou nesta semana que firmou acordos com México, Honduras e Guatemala para que esses governos aumentem a fiscalização nas fronteiras e, assim, tornem mais difícil a viagem dos imigrantes aos EUA.

A secretária de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse nesta segunda que os três países concordaram em aumentar o policiamento para evitar que imigrantes fizessem a perigosa viagem até os Estados Unidos.

Em setores da esquerda, a medida foi vista como uma repetição das medidas adotadas pela administração Trump. Em 2019, por exemplo, o México concordou em enviar milhares de soldados para a fronteira para evitar que imigrantes conseguissem chegar aos Estados Unidos.

O problema é que, enquanto as críticas se acumulam dos dois lados do espectro político, o governo não apresentou um plano ou acordo para resolver o que considera “a raiz do problema da imigração nos Estados Unidos”.

No mês passado, Biden designou a vice-presidente, Kamala Harris, para conduzir um esforço diplomático de longo prazo com países da América Central, a fim de diminuir o crime, a corrupção e a pobreza na região que, frequentemente, levam as pessoas a migrarem para os Estados Unidos.

Algumas ideias dos democratas para resolver a questão foram apresentadas em uma proposta de reforma do sistema de imigração americano, enviado ao Congresso no começo do ano e amplamente criticado pelos republicanos por, entre outras coisas, propor envio de dinheiro aos países do Triângulo Norte (Guatemala, Honduras e El Salvador), sem condições de acabar com a corrupção ou melhorar a governança econômica nesses países. Segundo os críticos, isso já foi tentado por gestões anteriores e não funcionou.

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