A enxurrada de bancos e seguradoras quebrando levou o pânico às bolsas de valores do mundo todo, que sofreram no mês de setembro quedas há muito não sentidas, com grandes perdas para os investidores. Foi o início da fase mais aguda de uma crise econômica que se anunciava há mais de um ano. A moeda norte-americana, que vinha sofrendo desvalorização ante moedas como o real, "sumiu" do mercado especulativo e passou a viver seus dias de supervalorização. Dos cinco maiores bancos norte-americanos de investimentos, três sucumbiram à crise.
Bancos centrais de outros países, como Japão, Suíça, Inglaterra, Canadá, além do Banco Central europeu, injetaram cerca de US$ 360 bilhões no mercado para tentar evitar o que já é considerada a pior crise nos últimos 70 anos.
Em outubro, os índices das bolsas de valores mundo afora oscilaram de -10% a +10%. Os circuit breakers, que não eram usados desde setembro de 2001, entraram em ação como nunca. Aqui no Brasil, deu a louca também no dólar. A moeda norte-americana, que no início de agosto foi cotada a R$ 1,56, chegou a ser negociada a R$ 2,52. Só no mês de outubro, sua cotação subiu 21%.
A crise econômica foi tamanha que França, Alemanha e Reino Unido pediram uma revisão do sistema financeiro internacional cujas bases foram lançadas na Conferência de Bretton Woods, em julho de 1944. E propuseram que os líderes do G-8 e as principais economias emergentes se encontrassem em novembro para debater o tema. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, falou até em "refundação global do capitalismo".
O governo norte-americano saiu em socorro de suas instituições financeiras. O congresso daquele país aprovou um pacote de US$ 700 bilhões para comprar ações de instituições com problemas de liquidez. Na Inglaterra, o primeiro-ministro Gordon Brown anunciou um pacote de 500 bilhões de libras esterlinas (US$ 867 bilhões) para socorrer o sistema bancário do país.
Por aqui, o governo brasileiro anunciou MP para que os bancos oficiais pudessem comprar participações em instituições financeiras menores. Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disse que ajudaria empresas exportadoras em dificuldades após perdas com operações de derivativos de câmbio.
Pacote brasileiro
A equipe econômica do governo federal anunciou medidas de incentivo fiscal para injetar no mercado cerca de R$ 8,4 bilhões, para elevar o consumo e garantir que a economia continue crescendo em 2009. Além de duas faixas adicionais para a alíquota do Imposto de Renda (IR) de Pessoa Física, de 7,5% e de 22,5%, que passam a valer a partir de janeiro de 2009, o Ministério da Fazenda anuncia redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Demissões
No Paraná, o principal efeito da crise foram as demissões na indústria automotiva. A primeira montadora a anunciar cortes foi a Volvo, instalada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Cerca de 400 trabalhadores foram dispensados entre eles, 250 temporários. A Volkswagen, em São José dos Pinhais, na região metropolitana, demitiu 74 funcionários que retornaram das férias coletivas. Na CNH, outros 350 foram dispensados. Na Bosch, empresa que produz bombas injetoras e componentes para o sistema a diesel, foram cerca de mil trabalhadores demitidos ao longo do ano. E a Renault planeja suspender o contrato de mil funcionários da fábrica de São José.