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"Acordo do Século"

Crise política em Israel ameaça plano de paz de Trump para o Oriente Médio

Primeiro-ministro israelense Banjamin Netanyahu (D) cumprimenta Jared Kushner, genro e conselheiro do presidente norte-americano Donald Trump
Primeiro-ministro israelense Banjamin Netanyahu (D) cumprimenta Jared Kushner, genro e conselheiro do presidente norte-americano Donald Trump (Foto: Embaixada dos EUA em Jerusalém/AFP)

A crise política em Israel e a convocação de novas eleições para setembro afetou o plano de paz entre israelenses e palestinos que o presidente americano, Donald Trump, e seu genro Jared Kushner planejavam apresentar no mês que vem. Nesta semana, Kushner esteve na região para buscar apoio ao plano, que Trump chama de "acordo do século".

Na quinta-feira (30), ao lado de seu braço direito, Jason Greenblatt, e do emissário americano para o Irã, Brian Hook, Kushner se encontrou com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém. Ele disse a Netanyahu que "não vai desistir do plano". Netanyahu chamou de "inconveniente" a incapacidade de formar um governo e a convocação de eleições.

"Mesmo com um pequeno incidente na noite passada (quarta-feira, 29), vamos continuar a trabalhar em conjunto. Tivemos uma reunião importante que fortalece a aliança entre EUA e Israel", disse o premiê.

Apesar do discurso otimista, analistas acreditam ser quase impossível a divulgação de qualquer plano entre israelenses e palestinos com a nova eleição, marcada para 17 de setembro. O plano de paz de Kushner e Trump ainda nem foi esboçado e atraiu críticas de todos os lados.

Kushner é o responsável por elaborar as propostas e Greenblatt, advogado que trabalha com Trump há muito tempo, tem atuado como seu braço direito nas questões relacionadas ao Oriente Médio.

Sem garantias de que uma coalizão liderada por Netanyahu permaneça no poder após a nova votação em Israel, e sem a recepção entre os países árabes esperada por Trump, analistas acreditam que o plano ficará "temporariamente engavetado".

"Haverá eleições em setembro. Depois, a formação do governo. E a poeira só deve baixar no fim do ano, quando Trump estará engajado em sua campanha pela reeleição", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo Dan Shapiro, ex-embaixador dos EUA em Israel e especialista em resolução de conflitos. "O plano de paz está congelado, talvez para sempre, porque ninguém na região apoia este plano."

O governo dos EUA planeja apresentar entre 25 e 26 de junho, em uma conferência em Manama, capital do Bahrein, um projeto econômico para a Palestina que faria parte do plano de paz palestino-israelense, que não teve o conteúdo político anunciado até o momento. A Autoridade Palestina já anunciou que não comparecerá e outros países árabes já demonstraram descontentamento com o plano.

Liderança

"A conferência de investidores no Bahrein vai ocorrer apenas para provar que o plano continua de pé e não morreu, eles não podem cancelar para não demonstrar fraqueza", afirmou ao jornal israelense Haaretz Aaron David Miller, um ex-negociador de paz no Oriente Médio durante governos republicanos e democratas. "Mas, se eles forem espertos, usarão a eleição para arquivar a parte dois do plano e reavaliar os passos depois de 17 de setembro. A dúvida é: eles são espertos?"

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