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Protestos

Crise política se agrava no Egito na véspera de eleição

Ativistas convocaram um protesto para a sexta-feira (15) e políticos islâmicos alertaram que os progressos decorrentes da revolta que derrubou Hosni Mubarak podem ser revertidos, depois de a Suprema Corte egípcia dissolver o Parlamento e preservar a candidatura presidencial do último premiê do antigo regime.

A já turbulenta transição egípcia entrou na sua maior crise com as decisões judiciais de quinta-feira. Políticos islâmicos, que dominavam o Parlamento e acabaram sendo os principais beneficiários da rebelião de 2011 contra Mubarak, acusaram a Suprema Corte de "golpe".

No sábado e domingo, o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsy, disputa com Ahmed Shafik, último premiê de Mubarak, o segundo turno de uma eleição presidencial que era vista como o apogeu da transição para um regime civil, após 16 meses de governo de uma junta militar que substituiu o presidente deposto.

Mas o novo presidente agora será eleito sem um Parlamento e sem uma nova Constituição que estabeleça os seus poderes, e cuja redação foi adiada devido a disputas políticas.

A campanha para a eleição presidencial termina ao meio-dia de sexta-feira.

O Movimento 6 de Abril, que ajudou a galvanizar os egípcios contra Mubarak, convocou uma passeata a partir das 17h (12h em Brasília) com destino à praça Tahrir, "contra o golpe militar brando".

"Vamos salvar nossa revolução. Vamos salvar o Egito do regime militar", disse o grupo em nota na manhã de sexta.

O principal alvo do grupo oposicionista é Shafik, ex-comandante da Força Aérea que foi nomeado premiê nos últimos dias do regime de Mubarak. Eles temem que, se for eleito, Shafik irá tentar reconstruir o aparato repressor do antigo regime, além de reverter os avanços obtidos pela revolução. Ele nega essa intenção.

A Irmandade Muçulmana, de Morsy, formou a maior bancada nas eleições parlamentares do começo do ano, e, junto com outros grupos islâmicos, formava maioria na assembleia.

A Irmandade disse na quinta-feira que as decisões judiciais indicam que o Egito está entrando em "dias muito difíceis, que podem ser mais perigosos que os últimos dias do regime de Mubarak".

"Todos os ganhos democráticos da revolução podem ser eliminados e revertidos com a transferência do poder para um dos símbolos da era anterior", disse o grupo.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que seu país --que dá 1,3 bilhão de dólares por ano em ajuda militar ao Egito, e tradicionalmente vê com desconfiança os políticos islâmicos-- espera que os militares transfiram totalmente o poder a um governo civil democraticamente eleito.

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