Bancos estão fechados e as atividades portuárias estão reduzidas nesta sexta-feira em Abidjã, principal centro econômico da Costa do Marfim, depois do impasse envolvendo a divulgação dos resultados eleitorais, o que levou as autoridades a fecharem as fronteiras do país africano, maior produtor mundial de cacau.
A comissão eleitoral anunciou na quinta-feira que o oposicionista Alassane Ouattara venceu o segundo turno da eleição presidencial, realizado em 28 de novembro, mas o Conselho Constitucional, comandado por um aliado do presidente Laurent Gbagbo, rejeitou o resultado.
Poucos táxis percorrem nesta sexta-feira as ruas do centro de Abdijã, normalmente fervilhantes. Na entrada do porto, o estivador Germain Gado, de 31 anos, estava frustrado com a falta de trabalho. "Desde o toque de recolher há pouquíssimos navios", afirmou ele, referindo-se às restrições impostas por Gbagbo antes da votação de domingo.
A incerteza eleitoral fez com que na quinta-feira a cotação do cacau no mercado futuro registrasse alta de até 4 por cento. Na sexta-feira, o produto voltou a subir - o contrato para março em Londres teve alta de 0,21 por cento, vendido a 1.927 libras por tonelada.
Vários exportadores de cacau disseram nesta semana que vão paralisar suas atividades até que a eleição esteja resolvida. Já havia previsão de limitação nos embarques nesta semana, porque muitos agentes preferiram antecipar as entregas para antes da eleição.
Após repetidos atrasos, a comissão eleitoral anunciou na quinta-feira que Ouattara venceu o segundo turno com 54,1 por cento dos votos.
O Conselho Constitucional marfinense, no entanto, disse que o resultado não é válido, porque a comissão eleitoral desrespeitou o prazo para declarar o vencedor, que expirava na quarta-feira.
Além disso, o campo governista aponta fraudes generalizadas no norte do país, que foi reduto dos rebeldes que lutaram contra Gbagbo na guerra civil de 2002/03. O Conselho Constitucional, de tendência governista, tem agora sete dias para se pronunciar sobre o resultado eleitoral.
A julgar pelos resultados provisórios anunciados na quinta-feira, o Conselho Constitucional teria de anular quase 400 mil votos de Ouattara para evitar sua vitória.
Os Estados Unidos, a França e a ONU pediram aos candidatos que respeitem a vontade do eleitorado.
Deixe sua opinião