Buenos Aires - De olho nas eleições presidenciais de outubro, o governo de Cristina Kirchner vai abrir licitação para 12 emissoras de tevê em Buenos Aires e várias outras no interior. A administração federal utiliza a polêmica Lei de Mídia, aprovada no final de 2009, para que as novas emissoras comecem a competir com a televisão a cabo antes de outubro. A estratégia eleitoral envolvendo emissoras de tevê faz parte da disputa que a Casa Rosada trava, há quase três anos, com a principal holding multimídia do país, o Grupo Clarín, dono da maior tevê a cabo local, Cablevisión, e do maior jornal.
O governo pretende mudar completamente o mapa da mídia argentina para facilitar os objetivos políticos de Cristina Kirchner. Para tanto, o responsável pela aplicação da lei, Gabriel Mariotto, concluirá, nos próximos dias, o chamado "plano técnico de tevê digital", que contém um levantamento detalhado sobre as frequências disponíveis para a realização de licitações públicas. Mariotto é titular da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca) e busca, especialmente, canais locais gratuitos para permitir o livre acesso da população.
Atualmente, o Executivo possui seis emissoras próprias e outras cinco aliadas. Com as novas licitações, serão 23 canais de televisão gratuitos que darão ao governo uma poderosa arma de convencimento. A tarifa da assinatura básica de Cablevisión é de 141,80 pesos (cerca de R$ 60) e a Casa Rodada está convencida de que "será difícil alguém querer pagar para ver tevê quando houver tantos canais gratuitos à disposição", disse uma fonte ligada a Mariotto.
Corrida presidencial
Cristina Kirchner começa o ano na liderança da disputa pela Presidência. Pesquisa feita pelo Centro de Estudos de Opinião Pública (Ceop) em janeiro mostra a presidente com 43,3% das intenções de voto, mais de 30 pontos de vantagem sobre qualquer rival. O prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, líder do Proposta Republicana (PRO), recebeu 11,8% das intenções de voto. Em seguida, com 10,4%, aparece o deputado Ricardo Alfonsín, filho do falecido ex-presidente Raúl Alfonsín, da União Cívica Radical (UCR), segunda força parlamentar. O vice-presidente argentino, Julio Cobos, tem 7,8%.