A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse nesta sexta-feira (10) que o objetivo da Justiça é bani-la da política. A declaração foi dada um dia depois que o Tribunal Oral Federal 2 divulgou os argumentos da sentença de condenação de Kirchner, proferida em dezembro, afirmando que ela cometeu "um grave ato de corrupção sem precedentes" no país.
"Estamos falando de uma das maiores afetações do patrimônio estatal judicialmente comprovadas na história de nosso país", indicou a corte, ao publicar os argumentos da sentença, de 1.616 páginas. Condenada a seis anos de prisão em 6 de dezembro, Cristina Kirchner não foi presa, por gozar de imunidade constitucional como vice-presidente.
Recebida aos gritos de "presidente, presidente", na Universidade de Río Negro, no sul do país, ela recebeu um título de doutora honorária da instituição, na sexta, e se defendeu dos fundamentos divulgados pela Justiça na véspera: "mais do que fundamentos, é um eufemismo. Milhões de palavras e adjetivos, nenhuma evidência e um único objetivo: a proscrição".
Segundo Cristina Kirchner, "o código penal substituiu o código eleitoral" na Argentina. Neste sábado (11), líderes do kirchnerismo preparam um ato na cidade de Avellaneda, na província de Buenos Aires, para exigir que ela seja candidata à presidência nas eleições gerais deste ano.
"Rever" acordo com o FMI
Em seu discurso na universidade, Cristina Kirchner também afirmou que a Argentina terá de "rever" as condições do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre uma dívida de US$ 45 bilhões que assinou há um ano.
"Vamos precisar que os dirigentes políticos da Argentina se unam diante de nosso principal desafio, que será rever esse acordo. Não para não pagar, mas para nos deixar crescer", disse. "Se te deram US$ 45 bilhões, você vai ter que devolver", admitiu, reiterando, porém, que “as condições em que foi assinado o acordo”, com vencimentos até 2034, precisam ser repensadas.