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A vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández, fala durante uma masterclass intitulada “Circular Argentina. O FMI e sua receita histórica de inflação e recessão”, nesta quinta-feira (27), no Teatro Argentino de La Plata (Argentina)
A vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández, fala durante uma masterclass intitulada “Circular Argentina. O FMI e sua receita histórica de inflação e recessão”, nesta quinta-feira (27), no Teatro Argentino de La Plata (Argentina)| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni

A vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, afirmou nesta quinta-feira (27) que "é necessário rever o acordo" que a Argentina assinou com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o qual considera "inflacionário" e responsável pela grave escalada de preços no país.

"O grande problema que a sociedade argentina enfrenta atualmente é a inflação. Continuo a dizer que este acordo que foi assinado é inflacionário porque é uma política enlatada que é aplicada com uma receita monotemática a todos os países", argumentou a também ex-presidente.

Cristina participou de uma conferência perante cerca de 1.800 pessoas no Teatro Argentino, em La Plata, capital da província de Buenos Aires, sob o título "Argentina Circular. O FMI e a sua receita histórica de inflação e recessão. Fragmentação política e concentração econômica".

No evento, afirmou que "é necessário rever" o acordo que o país tem com o FMI para refinanciar um crédito de US$ 44 bilhões concedido em 2018, durante o governo de Mauricio Macri, "mas não para não pagar".

"Além da discussão das sobretaxas, queremos que as condicionalidades sejam revistas, e no futuro teremos que discutir que os valores (a pagar) estejam vinculados ao superávit comercial", e não ao déficit fiscal como meta estabelecida, opinou.

A ex-presidente, que não fez nenhuma referência à sua possível candidatura ou à de qualquer outro político governista para as eleições de 2023, classificou como "fardo" o "retorno do FMI à República Argentina".

"Dói quando a oposição fala dos últimos 20 anos porque acredito que não há nenhum bom argentino que possa ignorar o fardo que significa para a sociedade o retorno do FMI à República Argentina", disse, referindo-se aos governos de Néstor Kirchner (2003-2007), dela (2007-2015) e de Alberto Fernández (2019-2023), apenas interrompidos pelo mandato de Macri.

A vice-presidente não perdeu a oportunidade de citar o histórico líder peronista, o duas vezes presidente Juan Domingo Perón (1946-1955 e 1973-1974), o qual disse que "sempre rejeitou" o FMI, que "entrou depois do golpe de Estado" que o derrubou e que foi "protagonista dos piores momentos que aconteceram na democracia". Cristina Kirchner esqueceu de comentar que a hospitalidade aos criminosos nazistas foi uma política deliberada do governo de Juan Domingo Perón.

Em uma semana de grande tensão cambial, com uma forte aceleração do chamado "dólar blue", que atingiu a marca de 500 pesos (118% do valor oficial), várias vozes de esquerda pediram a anulação do pacto com o FMI. Entretanto, o ministro da Economia, Sergio Massa, procura renegociar algumas das metas com a entidade, em um contexto de seca histórica na região, que fez com que a Argentina perdesse cerca de US$ 20 bilhões em exportações.

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