A ex-presidente argentina e um dos nomes mais fortes na corrida presidencial deste ano, Cristina Kirchner, sugeriu que a Argentina deveria seguir o exemplo dos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump, devido à sua política protecionista.
Falando para uma multidão de fãs que acompanharam o lançamento de seu livro, "Sinceramente", nesta quinta-feira (9), Cristina disse que era urgente "recuperar a força do mercado interno e proteger o trabalho", e sua fórmula para fazer isso era abrir uma frente de diálogo com os empresários do país "para a criação de empregos reais, não precarizados".
"Veja o que está acontecendo nos Estados Unidos: a economia voa, eles têm a menor taxa de desemprego em 50 anos", exemplificou ela, sem citar o nome de Trump.
Cristina disse também que não queria atacar nem criticar ninguém, mas que o país vive "um momento delicado em que é necessário um pacto entre todos os argentinos".
Embora não tenha apresentado oficialmente sua candidatura, Cristina falou como se já estivesse certa sua postulação para as eleições de outubro de 2019. O prazo para a inscrição final é 22 de junho e as pesquisas apontam que ela leva uma vantagem com relação ao atual presidente, Mauricio Macri, de 5 a 9 pontos percentuais, mesmo sendo investigada em sete casos de corrupção.
Seu discurso lembrou os que eram transmitidos em cadeia nacional em seu período como presidente (2007-2015), combinando muitas auto-referências com uma boa retórica. Mencionou seu marido Néstor, morto em 2010, várias vezes.
Foi aplaudida e ouviu seus seguidores cantarem: "Néstor não morreu, Néstor vive no povo".
Em um dos momentos típicos de sua falta de modéstia, disse: "Esse livro não é a Bíblia, o Corão ou o Talmude (coletânea de livros sagrados dos judeus), mas seguramente aportará elementos para o debate político num momento tão delicado da nossa história".
A ex-presidente comparou a gravidade da situação atual com a "noite da ditadura", os tempos da hiperinflação dos anos 1980 e a crise político-econômica de 2001.
Ao final, defendeu-se do rótulo de "populista", dizendo que "muitos não entendem que a Argentina é um país com uma base social muito desigual e dizem que pensar nestes que estão em dificuldades seria populismo. Eu não me importo, não me soa pejorativo".
"Sinceramente" já havia vendido 20 mil cópias na primeira hora depois da chegada às livrarias, 60 mil no primeiro dia e agora já chegava a 300 mil cópias.
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