A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, publicou uma carta aberta no jornal britânico Guardian e em outros periódicos do Reino Unido nesta quinta-feira, pedindo ao primeiro-ministro do país, David Cameron, que devolva as disputadas Ilhas Malvinas (ou Falkland, como são conhecidas na Inglaterra). Na nota, Kirchner afirmou que o território localizado no Atlântico Sul foi "tirado à força" da Argentina há 180 anos "em um exercício flagrante do colonialismo do século XIX".
"Desde então, o Reino Unido, potência colonial, tem se recusado a devolver os territórios para a República da Argentina, impedindo assim a restauração da integridade territorial", escreveu a presidente. Kirchner também declarou que a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou uma resolução em 1965, que considerava as ilhas como um caso de colonialismo e convidava o Reino Unido e a Argentina a manter negociações sobre as reivindicações territoriais.
"Em nome do povo da Argentina, eu reitero nosso convite para que respeitemos a resolução das Nações Unidas", escreveu Cristina na carta. As exigências foram feitas agora, no começo do ano, quando os cidadãos das ilhas devem realizar um referendo sobre o status político do arquipélago em uma tentativa de acabar com a disputa pelo território.
As tensões entre o Reino Unido e a Argentina ressurgiram em 2012 por causa do 30º aniversário da curta, mas sangrenta, guerra pelo controle das ilhas. Na batalha, 255 soldados britânicos e 649 militares argentinos foram mortos.
Cameron se recusou a discutir a soberania das ilhas e os dois líderes entraram em choque publicamente por causa do tema na cúpula do G-20 em junho de 2012 no México. Em uma mensagem de Natal para os cidadãos das ilhas, o primeiro-ministro do Reino Unido acusou a Argentina de negar aos três mil residentes o direito de escolha sobre qual governo eles preferem, além de subestimar a economia da região.
Na carta publicada hoje, Kirchner acusa o Reino Unido de expulsar os cidadãos argentinos das ilhas quando os britânicos tomaram controle da região e começaram "o processo de ocupação populacional similar ao aplicado em outros territórios sob regime colonial". Ela acrescentou que o tema é "uma causa abraçada pela América Latina e pela vasta maioria das pessoas e governos no mundo que rejeitam o colonialismo".
Em resposta, uma porta-voz do ministério de Relações Exteriores do Reino Unido disse que os residentes das ilhas "são britânicos e escolheram essa cidadania". "Eles ainda são livres para escolher seus próprios futuros, tanto politicamente quanto economicamente, e têm o direito da autodeterminação como estabelecido pela Carta da ONU", declarou. A porta-voz ainda afirmou que "negociações não podem ser feitas sobre a soberania das Ilhas Falkland a não ser que e até o momento que os cidadãos queiram". As informações são da Dow Jones.