Em um longo texto publicado nesta terça-feira (16) em seu site oficial, a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, reiterou que não vai concorrer à presidência na eleição de outubro.
Ela já havia manifestado essa posição em dezembro, após o anúncio da sua condenação a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos por corrupção (devido aos recursos na Justiça, ela poderia participar da disputa), mas, devido à desistência de Alberto Fernández de concorrer à reeleição, especulou-se que ela poderia voltar atrás.
“Eu já disse no dia 6 de dezembro de 2022. Não serei uma mascote do poder para nenhuma candidatura. Tenho demonstrado, como ninguém, privilegiar o projeto coletivo ao invés da projeção pessoal. Não vou entrar no jogo perverso que nos impõem com fachada democrática para que esses mesmos juízes, hoje empoleirados na [Suprema] Corte, emitam uma decisão me inabilitando ou me afastando diretamente de qualquer candidatura que eu tenha, para deixar o peronismo em absoluta fragilidade e debilidade diante da disputa eleitoral. Os acontecimentos recentes me deram razão”, afirmou, em referência a uma decisão da Suprema Corte que suspendeu as eleições que seriam realizadas no domingo (14) nas províncias de Tucumán e San Juan (noroeste), governadas pelo peronismo.
“Não foi uma decisão precipitada ou um produto do momento, mas uma decisão fundamentada e ponderada [não participar da eleição]. Eu os conheço [juízes], sei como pensam, como agem e como vão agir. Eu os observei ao longo da história e eu e minha família sentimos na carne o jogo deles, com uma perseguição atada com precisão cirúrgica ao calendário eleitoral”, argumentou Kirchner, que foi presidente argentina entre 2007 e 2015.
O peronismo, que sofre o desgaste da inflação descontrolada (108,8% no indicador interanual em abril) e da desaceleração econômica, ainda não tem pré-candidatos claros para a eleição de outubro, enquanto a oposição já tem nomes em destaque, como o outsider Javier Milei e o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.