Por uma margem de 20.324 votos (ou 0,21 ponto percentual dos votos válidos), a ex-presidente Cristina Kirchner venceu o candidato governista, Esteban Bullrich, na corrida para o Senado na Província de Buenos Aires nas eleições primárias, que ocorreram no último dia 13 de agosto.
As primárias não decidem quem é eleito, apenas apontam o candidato preferido dentro de cada agrupação política. Neste caso, em que ambos concorriam sozinhos — a ex-presidente por seu partido, o Unidad Ciudadana, e o ex-ministro da Educação pela aliança Cambiemos — a votação serviu de termômetro para medir o fôlego tanto do governo como da oposição para as eleições legislativas que ocorrem em 22 de outubro.
Na noite do dia 13, com 20% dos votos apurados, o governo armou uma festa no complexo Costa Salguero para celebrar a expansão da coalizão de Mauricio Macri pelo país, com vitórias em várias províncias-chave e em redutos peronistas — inclusive na Província de Buenos Aires.
No momento em que os macristas subiram ao palco embalados pela música e animados pela chuva de papel picado que caía sobre eles, Bullrich vencia Cristina por seis pontos de diferença.
Nova contagem
Ao longo da madrugada, porém, a contagem foi mostrando que Cristina vinha alcançando Bullrich. Quando chegou-se a um empate, o órgão eleitoral decidiu interromper a contagem e dar início a uma nova contagem.
Os kirchneristas, então, reclamaram que havia sido feita, até aquele momento, uma contagem seletiva, privilegiando mesas dos bairros em que o governo é mais forte e deixando as dos redutos peronistas — como as da Grande Buenos Aires — para depois.
Divulgados na noite desta terça-feira (29) pelo juiz federal Juan Manuel Culotta, os resultados oficiais mostram que Cristina de fato superou o candidato macrista.
Discurso
A informação importa porque é na Província de Buenos Aires que se concentra 40% do eleitorado argentino. A vitória foi de 33,95% contra 33,74%.
Se a diferença é, de fato, mínima, pode representar muito simbolicamente. Isso porque Cristina já vem usando um discurso em que aponta Macri como mentiroso e como alguém que comemorou antes da hora. Isso deve marcar o teor da campanha daqui até outubro.
Já o governo, que já vinha admitindo que a ex-presidente teria ganho por pouco, minimizou o resultado. "As primárias já acabaram e houve empate, não vale a pena discutir detalhes de cifras", disse o chefe de gabinete, Marcos Peña.
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