A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, começa a semana com um desafio: convencer o Congresso Nacional cuja maioria é oposição a seu governo de que o novo nome escolhido para comandar o Banco Central (BC) é confiável. O desafio foi motivado pela renúncia ontem (29) do então presidente do BC, Martín Redrado depois de mais de um mês em discórdia com Kirchner.

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O governo argentino analisa duas opções para a substituição de Redrado: Miguel Pesce, atual vice-presidente do BC, ou Mario Blejer, um dos homens de confiança da presidente. Pelas leis do país vizinho, o Banco Central é autônomo e o presidente da instituição deve ser designado e destituído por meio de decisão do Parlamento. O mandato de Redrado terminaria em setembro.

Porém, o impasse deve permanecer por mais alguns dias. À Agência Telam, que é a imprensa oficial da Argentina, o chefe de gabinete da presidente Kirchner, Aníbal Fernández, afirmou que o governo não aceitará a demissão de Redrado até que uma comissão parlamentar - que analisa o assunto conclua seu parecer. A expectativa é que isso ocorra até terça-feira (2).

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Em decorrência de desavenças entre Kirchner e Redrado houve uma crise institucional na Argentina. Por mais de três semanas, a presidente pressionou para que o titular do BC deixasse o posto. Ele resistiu. Ambos divergem sobre o uso de cerca de US$ 6,6 bilhões das reservas do país para pagar parte da dívida externa em 2010.

Redrado é contra, enquanto Kirchner defende a utilização dos recursos como prioridade. A presidente chegou a demitir Redrado por decreto, ignorando a legislação argentina que determina a decisão do Congresso sobre o tema.

Por ordem da Justiça, o decreto determinando a exoneração de Redrado foi suspenso. O assunto é tema de investigação e análise de uma comissão bicameral do Parlamento da Argentina. Essa comissão tem condições apenas de fazer uma recomendação, não tem força de determinação. No Congresso, formado por 72 senadores e 257 deputados federais, a maioria é oposição.