A primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner tornou-se na manhã desta segunda-feira (29) a primeira presidente da Argentina eleita nas urnas. Ela sucederá o marido, Néstor Kirchner, como chefe de Estado após ter obtido nas urnas um desempenho bem melhor do que ele.

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Quando foi eleito, em 2003, Kirchner foi apenas o segundo colocado no primeiro turno da eleição. Ficou atrás de Carlos Menem -que desistiu no segundo turno, deixando o cargo para ele.

Os dados da apuração indicam que Cristina ganhou em todas as províncias do país -menos da mais importante e mais populosa, Buenos Aires. Já seu marido havia vencido no primeiro turno apenas em oito províncias.

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Com mais de 90% dos votos apurados, Cristina estava com 44,77% dos votos válidos, contra 23,03% da liberal-cristã Elisa Carrió e 16,93% de Roberto Lavagna.

Para ser eleito no primeiro turno na Argentina, um candidato precisa superar 45% dos votos válidos ou obter 40% mas com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado. Pelos números da apuração Cristina já cumpriu os dois pré-requisitos.

"Quero convocar todos, os que votaram e os que não votaram, sem rancores, sem ódios. Nós merecemos um país melhor", disse para centenas de simpatizantes a vencedora, uma advogada de 54 anos, de caráter temperamental e chamada por muitos de Hillary Clinton argentina.

"A felicitamos e reconhecemos sua vitória", disse Elisa, uma advogada de 50 anos e candidata da Coalizão Cívica, uma aliança de liberais e socialistas, antes de destacar que esta se tornou claramente a segunda força polítia do país.

O governo conseguiu ainda vantagem na Câmara dos Deputados, onde se renovou metade dos parlamentares, e manteve a maioria absoluta no Senado. Também conquistou os oito governos provinciais em disputa sobre um total de 24 distritos no país.

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"Quero agradecer a Julio Cobos (vice-presidente eleito) e a 'Concertación Plural', espaço que conseguimos construir superando velhas divergências", disse Cristina Kirchner sobre a aliança do peronismo governamental com os social-democratas dissidentes da União Cívica Radical (UCR).

Uma das chaves da vitória foi o grande número de votos na província de Buenos Aires, o maior distrito do país e que concentra quase 40% dos 27 milhões de cidadãos, onde foi eleito como governador Daniel Scioli, atual vice-presidente.

Contra os gorilas

Um ambiente de comemoração foi registrado no comitê de campanha da Frente para a Vitória, aos gritos de "mulheres no poder" e críticas aos 'gorilas', entre outros.

Na Argentina são chamados de 'gorilas' os antiperonistas e membros das classes média e alta que desconfiam dos setores populares de baixa renda.

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Cristina de Kirchner capitalizou os resultados econômicos dos últimos quatro anos, depois que ficou para trás o pior da crise de 2001 e 2002, com um governo de perfil industrialista, taxas de câmbio altas para as exportações e um aumento de 9% anual do Produto Interno Bruto (PIB).

Porém, o futuro governo deverá enfrentar uma elevada inflação real de 15% a 20% e a queda dos investimentos.

Cristina Kirchner construiu seu projeto de poder dentro do populista peronismo, mas com um forte giro para a social-democracia.

Entre os desafios do novo governo, que assumirá o poder em 10 de dezembro, está o de manter o difícil equilíbrio entre a aliança estratégica com a Venezuela de Hugo Chávez e uma melhora na relação com os Estados Unidos, como prometeu a senadora.

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