Buenos Aires - Com baixos índices de aprovação entre a classe média, o governo da Argentina lançou ontem um pacote assistencial de 9,9 bilhões de pesos (US$ 2,6 bilhões) direcionado a crianças e adolescentes cujos pais estejam desempregados ou no mercado informal de trabalho.
Com a medida, a presidente Cristina Kirchner reforça o elo com os setores mais pobres da sociedade, entre os quais o respaldo ao governo é maior. Estima-se que 4 milhões de crianças e adolescentes estejam aptos a receber o benefício.
Os pais terão direito a 180 pesos mensais (US$ 47) por filho menor de 18 anos ou portador de deficiência, até um máximo de cinco dependentes. Nos moldes do Bolsa Família brasileiro, o pagamento do benefício será condicionado ao cumprimento da cartela de vacinação e da matrícula escolar.
A oposição classificou a iniciativa como clientelista e de servir ao suposto objetivo do casal Kirchner Cristina e seu marido e ex-presidente, Néstor Kirchner (2003-2007) de vencer a eleição presidencial de 2011.
A fonte de financiamento do programa também foi questionada os recursos dos fundos de previdência privada obrigatória, estatizados em 2008 sob fortes críticas da oposição. Incorporados ao caixa estatal, os recursos vem financiando anúncios do governo.
Embora o anúncio tenha sido criticado pela oposição, iniciativas como a anunciada ontem vinham sendo reivindicadas por lideranças avessas ao kirchnerismo e pela Igreja Católica, que cunhou a expressão "escândalo da pobreza para definir a situação do país.
Na quarta-feira, quando Cristina enviou ao Congresso um projeto de reforma política, adversários políticos disseram que havia problemas mais urgentes no país, como a atenção a crianças e a adolescentes pobres.
Cristina pediu ontem a "colaboração de todos, sem desafios, insultos ou desqualificação, mas com ideias que possam ser postas em prática para "melhorar a distribuição de renda na Argentina.
O programa assistencial lançado ontem é o segundo grande investimento que Cristina anuncia, em menos de três meses, para a erradicação da pobreza. Define a ação como uma resposta ao neoliberalismo da era Carlos Menem (1989-1999). Em agosto, anunciou o investimento de US$ 400 milhões na geração de 100 mil empregos.