Depois de uma ausência de 18 dias, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deve voltar à cena política hoje com um anúncio popular: o aumento do valor da Alocação Universal por Filho (AUH pela sigla em espanhol), o equivalente do país ao bolsa família. Os anúncios envolveriam outros planos sociais do governo, segundo especulações da imprensa local.
O regresso de Cristina ocorrerá em meio a um forte mal-estar na sociedade pela profunda crise energética que chegou a afetar cerca de 800 mil pessoas na capital federal e na província de Buenos Aires. Para uma das líderes da pulverizada oposição, deputada Elisa Carrió (Coalizão Cívica), Cristina sofre com uma "fenomenal" crise de autoridade. "Mesmo que ela estivesse presente, não tem autoridade, não é crível", disparou a deputada.
Carrió disse que a Argentina vive sem amparo das autoridades. "Aqui não tem ninguém que ampare a sociedade. Este é um governo de irresponsáveis, que não assume esta crise", disse ela, completando que "o apagão demonstrou até que ponto estamos sozinhos e desamparados".
Depois da cirurgia na cabeça para drenagem de um hematoma, realizada em 8 de outubro, Cristina permaneceu um longo período em repouso, até 17 de novembro. Mas desde que teve alta, ela só apareceu em público em cinco cerimônias protocolares; realizou apenas dois discursos e apareceu na TV, na sala de casa, em um vídeo cuidadosamente informal, para mostrar que estava "bem".
A presidente passou os últimos 18 dias isolada na casa da família, em El Calafate, na Patagônia. Antes de retomar as atividades públicas, Cristina chamou à residência oficial de Olivos o ministro de Economia, Axel Kicillof, e o secretário de Comércio, Augusto Costa.