A cirurgia a que será submetida Cristina Kirchner hoje é rápida e de média complexidade, segundo Gustavo Adolpho, chefe do serviço de Neurocirurgia do Hospital Adventista Silvestre. A presidente pode ser liberada para voltar às suas funções daqui a um período de duas a quatro semanas.
"O hematoma subdural crônico é um acúmulo de sangue tardio entre o crânio e o cérebro, que geralmente ocorre após duas ou oito semanas de um forte traumatismo na cabeça, e que exerce efeito compressivo no tecido cerebral", explica o neurocirurgião.
O procedimento leva, em média, 45 minutos e consiste em uma pequena abertura na pele, no crânio e na dura-máter (a mais externa das três meninges que envolvem o cérebro e a medula espinhal) para a drenagem do sangue acumulado na região. Em alguns casos, após a cirurgia, coloca-se um dreno para a retirada do restante do hematoma, em um procedimento que pode durar em média entre dois e cinco dias.
"A colocação do dreno não é obrigatória e depende do tamanho e da cronicidade do hematoma. Quanto mais tardio, mais fácil a retirada do sangue", afirma Adolpho. Esse tipo de lesão é raro em pessoas com menos de 40 anos. No caso de Cristina, que fez 60 em fevereiro, o problema é mais comum.
Os sintomas frequentes são cefaleia (dor de cabeça forte), desequilíbrio e tontura. No sábado, a presidente sentiu também uma arritmia cardíaca que, segundo Adolpho, não está relacionada ao hematoma, mas pode aumentar o risco da operação.
Acusações de corrupção pesam sobre vice-presidente Boudou
Folhapress
O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, de 49 anos, que assumiu ontem interinamente a Presidência do país devido ao afastamento de Cristina Kirchner por problemas de saúde, responde a acusações de corrupção e enriquecimento ilícito.
"Ele é uma pessoa questionável, tem uma forte deslegitimação política, mas não há o que fazer. Ele é o vice", diz à reportagem o senador de oposição Ernesto Sanz, da União Cívica Radical (UCR).
A principal ação que corre contra Boudou na Justiça argentina é a de negociações incompatíveis com o cargo que exerce no chamado "Caso Ciccone", que envolveu a gráfica de mesmo nome (hoje rebatizada de Companhia de Valores Sudamericana).
A empresa teria sido salva da falência com o aporte financeiro de uma empresa ligada a Boudou quando ele era ministro da Economia de Cristina.
Logo após sair do vermelho, a Ciccone conseguiu um contrato com o governo para imprimir notas de cem pesos.
"Penso que, afortunadamente, ele estará exercendo a Presidência por pouco tempo. Sua imagem é muito negativa e está envolvida com denúncias de corrupção. O melhor que pode acontecer é a recuperação rápida da presidente", afirma o deputado da UCR Manuel Garrido.
Ele e a legisladora Graciela Ocaña (Confianza Pública) apresentaram neste ano uma denúncia à Justiça mostrando que o vice teria apresentado declarações de bens diferentes para a corte e para o Escritório Anticorrupção do governo.