A histórica votação recebida por Cristina Kirchner dará à presidente a chance de consolidar o maior poder presidencial dos últimos 30 anos e permitirá ainda a seu governo retomar o controle do Congresso, bastião da oposição nos últimos dois anos.Os 54% dos votos recebidos por Cristina ontem permitiram que sua base no Legislativo, sobretudo na Câmara, obtivesse quase 30 cadeiras a mais. Após 98% das urnas apuradas, prevê-se que o kirchnerismo fique com 135 dos 257 deputados.No Senado, onde já havia maioria governista, a votação ajudou a ampliar a vantagem em uma cadeira. Agora, serão 38 dos 72 senadores.
Para o governo, a maioria no Congresso será importante para a aprovação de projetos chave da gestão kirchnerista, como o que considera o papel-jornal um insumo de interesse nacional (uma das medidas para controlar o papel usado pelos jornais).
Uma mudança na Constituição para instituir a reeleição ilimitada, como pedem alguns aliados de Cristina, parece um pouco complicada.
Para uma reforma constitucional são necessários dois terços dos votos dos congressistas.
"Uma mudança seria muito difícil, pois impediria a aspiração política de muitos peronistas do interior que apoiam o governo", afirma o sociólogo Ricardo Sidicaro. "Os deputados peronistas são conservadores e ligados aos governadores."
Um exemplo é o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, reeleito no fim de semana e possível presidenciável em 2015.
Em 20 das 23 províncias argentinas, os governadores eleitos são aliados da Casa Rosada.
Como o eleitor argentino vota em listas fechadas (cujos candidatos são definidos previamente pelos partidos), a expressiva votação da presidente ajudou a emplacar no Congresso jovens militantes do grupo La Cámpora, chefiado por seu filho Máximo.
Segundo prognósticos, a organização garantiu na Câmara pelo menos cinco deputados, podendo chegar a dez.
Sinal de que o governo tem privilegiado a militância juvenil em detrimento dos sindicalistas, aliados hi stóricos do peronismo, é que este último grupo garantiu apenas um posto, para Facundo Moyano, filho do poderoso sindicalista Hugo Moyano.
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