Cumprimentos
Dilma diz que reeleição é importante para o Brasil
No telefonema em que parabenizou Cristina Kirchner por sua reeleição, a presidente Dilma Rousseff disse que a vitória da colega argentina "é importante para o Brasil e para toda a América Latina". A informação foi dada ontem pelo do porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena.
A conversa entre as duas presidentes ocorreu na noite de domingo. "Agradeço a ligação solidária da companheira Dilma Rousseff, do presidente Hugo Chávez, de Pepe Mujica, de Sebastián Piñera, do querido companheiro colombiano (Juan Manuel) Santos e do resto dos companheiros que certamente vão ligar, como Evo (Morales) e Rafael (Correa). Trabalhamos todos juntos por esta região", disse Cristina no domingo.
Entrevista
"Economia argentina caminha sob um fio de navalha"
Sérgio Fausto, cientista político do Grupo de Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo (Gacinte/USP) e diretor executivo do Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC).
A vitória histórica de Cristina Kirchner não tira de foco questões que a presidente terá de enfrentar, como a inflação e a violência. Soma-se a esses problemas o fato que a sociedade argentina vive uma realidade política delicada, com a oposição enfraquecida e uma batalha entre o governo e os meios de comunicação. O cientista político Sérgio Fausto fala sobre alguns dos principais desafios da Argentina para os próximos anos. Ele conversou com a Gazeta do Povo por telefone.
A histórica votação recebida por Cristina Kirchner dará à presidente a chance de consolidar o maior poder presidencial dos últimos 30 anos e permitirá ainda a seu governo retomar o controle do Congresso, bastião da oposição nos últimos dois anos.Os 54% dos votos recebidos por Cristina ontem permitiram que sua base no Legislativo, sobretudo na Câmara, obtivesse quase 30 cadeiras a mais. Após 98% das urnas apuradas, prevê-se que o kirchnerismo fique com 135 dos 257 deputados.No Senado, onde já havia maioria governista, a votação ajudou a ampliar a vantagem em uma cadeira. Agora, serão 38 dos 72 senadores.
Para o governo, a maioria no Congresso será importante para a aprovação de projetos chave da gestão kirchnerista, como o que considera o papel-jornal um insumo de interesse nacional (uma das medidas para controlar o papel usado pelos jornais).
Uma mudança na Constituição para instituir a reeleição ilimitada, como pedem alguns aliados de Cristina, parece um pouco complicada.
Para uma reforma constitucional são necessários dois terços dos votos dos congressistas.
"Uma mudança seria muito difícil, pois impediria a aspiração política de muitos peronistas do interior que apoiam o governo", afirma o sociólogo Ricardo Sidicaro. "Os deputados peronistas são conservadores e ligados aos governadores."
Um exemplo é o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, reeleito no fim de semana e possível presidenciável em 2015.
Em 20 das 23 províncias argentinas, os governadores eleitos são aliados da Casa Rosada.
Como o eleitor argentino vota em listas fechadas (cujos candidatos são definidos previamente pelos partidos), a expressiva votação da presidente ajudou a emplacar no Congresso jovens militantes do grupo La Cámpora, chefiado por seu filho Máximo.
Segundo prognósticos, a organização garantiu na Câmara pelo menos cinco deputados, podendo chegar a dez.
Sinal de que o governo tem privilegiado a militância juvenil em detrimento dos sindicalistas, aliados hi stóricos do peronismo, é que este último grupo garantiu apenas um posto, para Facundo Moyano, filho do poderoso sindicalista Hugo Moyano.
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