O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta terça-feira (25) que as críticas do governo dos Estados Unidos ao acordo celebrado entre o Irã, a Turquia e o Brasil sobre o urânio enriquecido iraniano são movidas por ciúmes. Ao desembarcar em Buenos Aires, onde participa ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros cinco presidentes da região do Bicentenário argentino, Chávez também elogiou o acordo e o colega brasileiro. "Foi um grande triunfo da diplomacia do Brasil e, portanto, de toda América do Sul, da Unasul, de Lula pessoalmente, como estadista e líder mundial que (ele) é, sem dúvida alguma", disse Chávez em entrevista aos correspondentes brasileiros na capital portenha.
"Creio que em Washington há ciúmes porque eles pretendem dominar o mundo. Mas, resulta que o mundo lhes escapou da mão; resulta que o Sul também existe e aqui estamos comemorando 200 anos de independência hoje", completou. Chávez disse ainda que "não se pode esperar grande coisa do império". Segundo ele, a secretária de Estado, Hillary Clinton, critica o acordo porque os EUA "pretendem fazer o mundo ou que o mundo atue como eles querem, mas isso se acabou. Isso é coisa do passado. O mundo está em outra dinâmica".
O presidente venezuelano contou ainda que Lula o convidou para participar da assinatura do acordo, mas que ele não pôde viajar à Teerã, mas que apoia o tratado publicamente. Indagado sobre o pedido do governo norte-americano de aplicar sanções ao Irã, Chávez sugeriu que as Nações Unidas também deveriam aplicar sanções aos EUA. "Teria que sancionar os Estados Unidos. Não invadiu o Iraque apesar das Nações Unidas? Quantas resoluções os EUA desrespeitaram e continuam desrespeitando?", questionou. Chávez também foi irônico ao comentar que de qualquer forma, já não faz mais sentido sancionar os EUA "porque o país possui muitos problemas, pobrezinhos".
Nesta terça, em Pequim, Hillary Clinton criticou a carta que o Irã entregou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre o acordo fechado com o Brasil e Turquia para a troca de urânio. Segundo a secretária de Estado norte-americano, a carta está cheia de lacunas que não respondem às preocupações da comunidade internacional. Ela participa do encontro Diálogo Estratégico e Econômico Sino-americano, em Pequim.