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Imagem da internet mostra o sudanês Mustafa Dabi (à direita), líder dos monitores da Liga Árabe | YouTube/AFP
Imagem da internet mostra o sudanês Mustafa Dabi (à direita), líder dos monitores da Liga Árabe| Foto: YouTube/AFP

Os observadores da Liga Árabe confirmaram ontem a existência de violações aos direitos hu­­manos na cidade de Homs, no centro da Síria, mas não apontaram se as mesmas foram cometidas pelas autoridades ou por grupos "terroristas" – como acusa o governo –, informou uma fonte da organização pan-árabe.

De acordo com a fonte, os ob­­servadores, que chegaram na terça-feira a Homs e ainda permanecem na localidade, conversaram por telefone com líderes da Liga Árabe, no Cairo, e detalharam a eles as violações que constataram.

Os observadores revelaram que viram corpos e marcas de ti­­ros em casas. Eles visitaram fa­­miliares de vítimas para falar sobre as condições em que essas pessoas foram mortas, detalhou a fonte.

A missão de observadores da Liga Árabe recebeu críticas da organização Observatório dos Direitos Humanos (HRW, na si­­gla em inglês). Para a ONG, o grupo de monitores, da forma como está composto, "não é confiável", e seus primeiros sinais são "muito perturbadores".

Um dos problemas apontados pelo Observatório é a escolha do general sudanês Mohamed Ah­­med Mustafa al-Dabi, próximo ao ditador Omar al-Bashir, para chefiar o grupo. "Estamos muito preocupados com a composição da missão. Não há transparência alguma", disse o vice-diretor da divisão de Oriente Médio e África da HRW, Joe Stork, por telefone.

Al-Dabi foi diretor de inteligência militar do Sudão e é acusado por muitos de envolvimento no genocídio em Darfur, pelo qual Al-Bashir teve prisão decretada pelo TPI (Tribunal Penal In­­ternacional).

Os Comitês Locais de Médicos em Damasco disseram que a es­­colha de Al-Dabi "contamina os esforços" da Liga.

Bagunça

O general sudanês, que percorreu Homs nos últimos dois dias, disse ter visto nas ruas alguma "bagunça", mas "nada assustador".

Para Stork, porém, o problema vai além de Al-Dabi. "A Liga Árabe deveria considerar retirar a missão para uma reorientação. Não dá para seguir com escolta do governo."

Embora o regime de Assad tenha feito algumas concessões aos observadores, in­­clu­­indo a soltura ontem de quase 800 presos – uma das condições principais do plano de paz da Liga Árabe –, os militares ao mesmo tempo avançam em uma campanha violenta para reprimir a maioria dos protestos pacíficos. Ati­­vistas afirmaram que pelo menos 39 pessoas foram mortas nos dois dias desde que os monitores começaram o trabalho deles.

A missão da Liga Árabe per­­maneceria ontem em Homs, a cidade mais atingida pela repressão do regime sírio, e deve elaborar um relatório de­­talhado que será enviado ao secretário-geral da Liga Ára­­be, Nabil al Araby.

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